Sim, o título do artigo é uma provocação. Não há como fugir desta constatação ao verificar o tom das entrevistas realizadas pelos jogadores de Ponte Preta e Guarani nos últimos dias. Hugo Cabral afirma que é preciso focar um jogo por vez; Deivid afirma, em resumo, que os três pontos do clássico são os mesmos dos outros jogos. O dérbi, que será daqui a nove dias parece algo distante e sem sentido.
Não condeno os atletas. Eles são apenas representantes do descuido dos dirigentes do futebol campineiro em relação a uma marca centenária. Não é tarefa do empresário e sequer do treinador. Todo o atleta que fosse contratado no Majestoso ou no Brinco de Ouro deveria ser alertado pelo presidente de plantão de que o confronto com o adversário se não é um campeonato à parte deveria ser tratado de maneira diferenciada.
A razão de ser do futebol é o torcedor. Sempre. Percorra as redes sociais de bugrinos e pontepretanos. O tom de expectativa e de tensão pelo clássico nunca é ignorado. Pensam, comem e arquitetam como superar o oponente histórico. Como os atletas querem ficar excluídos?
Não é o caso de desprezar os outros compromissos. Nada disso. O Guarani deve pensar como ganhar do Ituano e do Red Bull e a Ponte Preta como ultrapassar o São Bento, Aparecidense e Palmeiras.
Mas os atletas deveriam pensar que os três pontos no dérbi lhe farão andar de cabeça erguida e promover churrasco na sacada do apartamento. E que uma derrota lhe confinará a reflexão. É assim no Gre-Nal, no Atlético Mineiro x Cruzeiro ou no Corinthians x Palmeiras.
Está na hora da boleirada entrar em órbita.
(Elias Aredes Junior)