Jefferson Paulino: um bom reforço para o Guarani transformado em problema pelo Conselho de Administração

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Sou defensor de que presidentes de clubes de futebol tenham conhecimento do tema para o qual são escolhidos para administrar. Até para que avaliem o trabalho dos dirigentes remunerados e da comissão técnica. Uma fronteira deve ser colocada: conhecer futebol é muito diferente de interferir no trabalho. E o presidente do Guarani, Palmeron Mendes Filho, confessou involuntariamente uma falha de gestão durante entrevista na Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira.

Ele disse em alto e bom som que a chegada do goleiro Jefferson Paulino não foi uma decisão do técnico Vinicius Eutrópio e nem de Fumagalli ou Marcus Vinicius Beck Lima. Foi dele. Exclusivamente dele. “Foi um desejo meu em particular. Eu entendo que o time precisa sempre qualificar todos os setores e o Jefferson foi o melhor goleiro do Campeonato Carioca. A chegada dele aumenta o nível do Giovanni e do Klever. Ele tinha propostas de outros times, mas gostou do nosso projeto e aceitou o desafio”.

A decisão não foi acompanhada de alguns cuidados. No futebol profissional, qualquer contratação não é adotada de modo empírico. Existe um planejamento em que os responsáveis fazem o cruzamento das características dos atletas disponíveis, a projeção da temporada, o histórico físico do jogador e a perspectiva de um negócio futuro. E o principal: se existe escassez ou excesso de atletas na posição.

O jogador em si não há como contestar. Afinal, quem é eleito o melhor goleiro do Campeonato Carioca certamente é dotado de talento. O foco é outro. O erro está em outra vertente e que indiretamente foi assumido por Palmeron: como eu quero resolver algo sem arrumar aquilo que já cuido no cotidiano?

O Guarani tem cinco goleiros: Carlão, Passarelli, Klever e Giovanni e agora Jefferson Paulino. Cinco goleiros é passaporte para insatisfação. Três goleiros é o ideal? Concordo. Porque Palmeron não deu respaldo para que o departamento de futebol resolvesse tal impasse com a dispensa ou rescisão de contrato de dois arqueiros? Dizer que vai aumentar a competição é duvidoso. Existem dois novatos, Carlão e Passarelli que também querem jogar. Então eles devem esquecer?  Agora, o campeonato começou, o reforço não foi utilizado e a margem de manobra concedida aos dirigentes remunerados é curtíssimo devido a saturação do mercado.

Infelizmente, até quando tenta fazer algo de bom Palmeron transforma em algo negativo. Lamentável.

(Elias Aredes Junior)