Eventos vão acontecer em todo o país nesta segunda-feira para relembrar o Dia da Abolição da Escravatura. Todos vão relembrar a assinatura da Princesa Isabel que terminou com uma das páginas mais vergonhosas da história do Brasil. A diretoria da Ponte Preta e sua comunidade deveriam colocar esta data como prioritária ao lado do dia 20 de novembro, e abaixo apenas da data de sua fundação, o dia 11 de agosto.
A Macaca, queiram seus detratores ou não, é um símbolo de resistência e de liberdade do negro no futebol brasileiro. Um dos primeiros times a abrir espaço aos negros, também recebeu-os de braços abertos nas arquibancadas.
Quem conhece a história de Campinas sabe que não exagero. Cidade formada por uma sociedade escravocrata e preconceituosa ao extremo, quando a Macaca foi fundada, a abolição da escravatura tinha sido assinada há apenas 12 anos. Vocês acham de verdade que o racismo naquela época já tinha acabado? Claro que não.
E foi com Miguel do Carmo e posteriormente com outros heróis negros que a Alvinegra começou a forjar a sua história. Nunca é demais lembrar: o apelido Macaca surgiu como um troco de seus torcedores dados aos rivais do interior do estado de São Paulo que chamavam os pontepretanos de “Macacos”.
Hoje, a ligação da Ponte Preta com a história de resistência da comunidade negra no Brasil é motivo de orgulho. Se as caravanas entraram para a história foi porque negros saíram de várias regiões de Campinas para transformar este time em uma religião. Fervorosa.
Por isso, vale a pena recordar a seleção do Só Dérbi feita no ano passado só com atletas negros que fizeram história na Alvinegra: Aranha; Rodinei, Ronaldão, Nenê Santana e Odirlei; Mineiro, Teodoro, Jorge Mendonça; Sabará, Miguel do Carmo e Luis Fabiano.
Que estes e outros jogadores nunca faça a Ponte Preta esquecer do seu papel social e histórico no futebol brasileiro.
(Elias Aredes Junior)