Há 28 anos o Guarani montou um time limitado. Beto Zini confiou no faro e na malicia de Pepe para conseguir o acesso à divisão de elite. Parecia impossível. Jornadas épicas contra Noroeste, Botafogo de Ribeirão Preto e chegamos ao dia 13 de maio de 1991.
No tempo normal, vitória bugrina por 1 a 0. Gol do zagueiro Pereira. Na decisão por pênaltis, o triunfo levou o Alviverde a divisão de elite em que permaneceu de 1993 a 2004. Incrivel como o tempo passou e torcedores e dirigentes da atualidade não relembram as lições deixadas por aquela promoção no gramado.
A principal é que pode-se fazer muito com pouco. Vejam o time titular: Marcos Garça, Jura, Paulo Silva, Pereira e Julimar; Biro-biro, Valmir e Edson Abobrão; Nenê (Ivair), Vonei e Claudinho (Vágner).
Longe de ser um timaço. Com limitações. Profundas. A diferença era que existia entrega e identificação dos jogadores com a arquibancada, casos do beque Pereira e do volante Valmir. E hoje? Excetuando-se o volante Ricardinho, que pode circular com desenvoltura entre os torcedores e receber carinho e reconhecimento? Ninguém.
A outra lição fundamental é de que pessoas especialistas no oficio fazem diferença. Beto Zini errou muito como presidente do Guarani. Acertou também. Mas algo ninguém negou: ele entendia (e muito!) de futebol. Sabia detectar não só o bom jogador, mas aquele que poderia encaixar-se diante da conjuntura apresentada. Fez sua aposta e deu certo.
Para alguns, o vice-campeonato na Série B de 1991 pode parecer um saudosismo bobo e inconsequente. Mas o que as 17059 pessoas presentes no Brinco de Ouro presenciaram naquele dia foi um Guarani diferente, forte, pujante e que parece perdido no tempo e no espaço. Que um dia o Guarani se encontre.
(Elias Aredes Junior)