Como os cortes na educação podem afetar o futuro do futebol brasileiro

1
1.423 views

Você pode achar que os garotos e garotas que saíram as ruas hoje pelas ruas do Brasil em protesto pelos cortes na Educação não tem relação nenhuma com esportes e muito menos com o futebol. Ledo engano.

Um jogador de futebol não se faz apenas com técnica, habilidade, contratos milionários e assessores competentes. Encontrar-se inserido em um país desenvolvido faz com que desde cedo as crianças desenvolvam aptidões cognitivas e motoras e que posteriormente farão com que seu desenvolvimento intelectual seja satisfatório e que abra possibilidade de exercer diversas profissões.

Capacidade de decisão, sentido tático para executar as mais diversas tarefas e o sentido de disciplina não são formulados pelos treinadores. É algo que o jogador aprimora desde a infância até a fase adulta seja nos bancos escolas e nos gramados. É uma via de mão dupla.

Enquanto nas categorias de base os jogadores aprimoram os fundamentos, é na escola que o futuro adquire capacidade de aprimorar seu lastro intelectual para absorver missões futuras. Ou alguém acha que a França, Alemanha e Espanha, os últimos campeões do mundo, chegaram ao cume apenas pelo que fizeram no gramado. A educação e a prática de esportes teve papel fundamental.

Percebam como alguns atletas brasileiros apresentam dificuldades de adaptação em novos mercados. Geralmente culpamos sua indolência. Nada disso. Como podemos exigir absorção de alguém que não teve acesso a educação de qualidade e sequer chegou ao ensino superior? Uma hora a conta chega.

Quando o governo anuncia corte de 30% do orçamento  nas universidades federais, não são apenas os alunos e professores que são afetados. São prejudicados profissionais de educação física que de uma hora para outra terão o extermínio de pesquisas e trabalhos que prejudicarão não só a instituição em que atuam mas para o desenvolvimento de outros esportes, como o próprio futebol. Mestrados, doutorados e pesquisas destruída em um estalar de dedos do vilão Thanos.

Gente formada em péssimas condições. Anos depois, com formação deficitária, podem parar no seu clube do coração. Você poderá reclamar que seu time não corre o suficiente e não se lembrará de que aquilo é fruto do desmonte promovido no passado nas universidades federais e na educação como um todo..

Alguns querem lhe vender que futebol é entretenimento e negócio. Concordo. Mas também é instrumento de construção de cidadania e uma peça deste quebra cabeça chamado sociedade brasileira. Acredite: o gol do futuro pode ser prejudicado pela sala de aula fechada no presente.

(Elias Aredes Junior)