A chegada de Roger, Guarani, rádio oficial da Ponte Preta e uma constatação: estamos cansados de guerra no futebol!

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O centroavante Roger foi apresentado como novo reforço da Ponte Preta para a sequência do Campeonato Brasileiro. Fez promessa de dedicação, de busca do acesso e luta para jogar um futebol de excelência.

Um tema poderia ser evitado: a sua estadia no Guarani. E que foi abordado em sua entrevista na rádio oficial, o que demonstra uma falta de cuidado ao dobro. “Me arrependo de ter jogado. Fui para lá porque, na época, um supervisor da Ponte me disse que não era mais atleta para o clube e não ajudava. Fiquei triste e com raiva. O Guarani era Série A, nós, éramos Série B. Hoje, se pudesse, não jogaria no Guarani”, disse o jogador em entrevista na rádio oficial do clube. “Se eu pudesse, com a minha experiência, eu não teria jogado, porque é o meu rival. Torço sempre contra eles, mas sempre foram muito respeitosos. Sabiam que eu era Ponte. Ficou o meu respeito e gratidão momentânea por ter aberto as portas. Se fosse hoje, ficaria afastado”, completou.

Roger errou ao tratar do assunto por dois motivos. Primeiro porque é jogador da Ponte Preta e por ser atleta profissional. Profissional de futebol não sente amor ou ódio de clube nenhum. Presta serviço e pronto. Torcer? Depois de pendurar as chuteiras. Como também foi errado o dirigente do Guarani, Gilberto Moreno, ter feito galhofa após o derbi sem gols do ano passado. E que foi criticado por este Só Dérbi.

Quem está envolvido com o espetáculo deve mostrar profissionalismo. Ter consciência do ambiente que está envolvido. Agora, a declaração partir de uma entrevista na Rádio Oficial é algo ainda mais grave, apesar de reconhecer o profissionalismo, competência e cuidado de todos os profissionais envolvidos no projeto. Mas que foi um equivoco editorial isso foi.

Por que? Porque a rádio antes de tudo representa a instituição Associação Atlética Ponte Preta. E por representar a instituição deve portar-se de modo maduro e consciente. Queiramos ou não, tudo que é dito na rádio oficial é de certa forma a reverberação de um posicionamento do clube. Queiramos ou não.

A Ponte Preta enquanto clube precisa relacionar-se com o Guarani de maneira respeitosa e orientar seus contratados a dirigir-se de modo comedido e cauteloso. Como fica o dirigente pontepretano no futuro se for discutir no futuro o estabelecimento de paz nos dérbis? Como acreditar na sua palavra se debaixo do seu nariz um atleta contou algo que acirrou os ânimos? Faço uma comparação: como o presidente do Brasil poderá fazer negócios com o Argentina se ele desembestar-se a criticar o atual presidente vizinho? Não vai criar um clima ruim? Óbvio que sim.

Roger está magoado com o Guarani? Está chateado? Entendo. Até porque quando foi obrigado a vestir a camisa eu estava presente. Mas é algo que se refere ao mundo  particular dele. A instituição Ponte Preta deve ser preservada.

E se Roger fosse perguntado por uma rádio e televisão comercial? Apesar de ser o dever de o repórter perguntar, o atleta deveria esquivar-se. De imediato.

E por que tamanha cautela? O principal clássico campineiro transformou-se em selvageria e palco de violência. Não podemos esquecer que mesmo com torcida única já tivemos registro de morte. Será que Roger deveria ter citado o que os torcedores organizados bugrinos lhe fizeram sabendo que temos dois clássicos ainda neste ano? Quem assegura que suas declarações não servirão de combustível negativo para os dois jogos entre os rivais campineiros? Sua segurança estará garantida, especialmente para o clássico no Brinco de Ouro? Pense, reflita.

Gilberto Moreno cometeu um erro crasso quando utilizou um pedaço de papel para provocar o rival. Roger comete equivoco idêntico ao relembrar fatos do seu passado e na rádio oficial do clube. Campinas precisa de paz no futebol. De guerra já estamos cansados.

(Elias Aredes Junior)