Artigo Especial: Ponte Preta e o padrão de excelência de seus goleiros. Por Flávio Araújo

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*Por Flávio Araújo

Já comentei algumas vezes sobre o fascínio que exerce sobre meu gosto pelo futebol a figura do goleiro. Tanto que em minha infância fui goleiro dos infantís dos clubes que existiam na época em minha cidade natal, a Prudentina, o Corintinha e o Palmeiras.

Tempos do amadorismo. Só desisti quando constatei que minha altura me tornava vulnerável em bolas altas e a partir daí fui ser centroavante e ao invés de buscar bolas no fundo do gol passei a enfiá-las no fundo da redes (bravata). Bem por isso tenho

acompanhado a evolução dos goleiros nascidos para o mister nestes últimos tempos no futebol do país. Tudo aconteceu depois que Valdir Joaquim de Moraes introduziu o preparador de goleiros nas equipes em que trabalhava. A iniciativa correu célere como

fogo em pastos secos que transforma o planeta nesta época do ano a aparentar fogueiras e mais fogueiras. O certo é que todos nós, os longevos, conhecemos em nossa distante juventude o que era a admiração dos brasileiros pelos grandes goleiros

argentinos. Goleiro bom era os que nos visitavam vindo do outro lado do rio da Prata: Vaca … Rugilo, no passado, José Poy, Cejas, Andrada em tempos mais recentes. Hoje ouso afirmar que o Brasil exporta e tem aqui também os melhores goleiros do mundo. Razão de ter estranhado que nossos cronistas demonstrassem surpresa por Tite ter convocado para os amistosos de setembro do escrete nacional o jovem goleiro Ivan.

A Ponte Preta sempre se destacou no capítulo revelando goleiros que chegaram à seleção brasileira e até disputaram Copas do Mundo como titulares: Waldir Peres (1982) e Carlos Ganso (1986).

De ambos transmiti inúmeras partidas, de Waldir desde os tempos do Garça na segunda divisão e de Carlos na Ponte e no Corinthians Paulista. Grandes goleiros que atuaram num época onde não tínhamos ainda atingido a perfeição que hoje ostentam seus  seguidores. Os daqui e os da Europa. Até chegar no jovem Ivan que repete a grandeza de seus melhores antecessores e bem merece a chamada de Tite. Pena que não deverá jogar, mas se o fizer provará no campo o que estou afirmando. Mas, nem só de seleção brasileira vive a Ponte e seus goleiros.

Em conversa com meu grande amigo Dr. Marcos Garcia da Costa, conselheiro do primeiro time e ocupante de todos os cargos de relevo na Veterana de Campinas fomos desfilando o nome de grandes goleiros nascidos na Ponte ou para ela se transferindo ainda no princípio de carreira. O primeiro só conheci pelo álbum das Balas Futebol: Serafim, conta o Marcão, era um goleiro sensacional nos anos 30 e 40. Ciasca, que também conheci nas figurinhas veio da base do Palmeiras ainda muito jovem e completou sua formação de grande goleiro na própria Ponte. Ciasca ficou por muitos anos na Macaca já nos anos 50.

A Ponte teve ainda Wilson Quiqueto que depois brilhou no Santos e jogou na seleção de base do Brasil; Moacir, que depois já nos anos 80 foi titular da Portuguesa por muitos anos; Luiz Henrique, nos anos 80 chegou a jogar na seleção de base do Brasil, Brigatti, Denis, o que foi depois do São Paulo, ainda ativo, Sérgio Guedes, o Serginho que foi depois da Ponte um dos maiores goleiros que defenderam a meta do Santos; Aranha, mais recentemente e … que grande goleiro!

Chega ou querem mais? Como quem acompanha o nosso futebol há mais de 70 anos posso afirmar que se um time fosse formado por 11 goleiros o da Ponte poderia disputar a Champions League.

(Artigo escrito por Flávio Araújo- Ex-locutor esportivo das Rádios Bandeirantes e Gazeta. Também foi comentaristas de esportes da Rádio Central de Campinas)