No dia 12 de outubro, a pergunta que não quer calar: o que fazem Ponte Preta e Guarani por suas crianças?

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Para os pais, o dia das Crianças é um espaço para ficar próximo de suas “crias”. E de dar presente. Nos dirigentes de futebol, o sentimento deveria ser de reflexão e busca de caminhos para atrair este contingente e responsável por reciclar de tempos em tempos as arquibancadas. Ponte Preta e Guarani não fogem de tal constatação. Deveriam colocar na lista de prioridade diante da mudança de conjuntura vivida nos últimos anos.

É um nicho atraente. De acordo com pesquisa do Ibope divulgada em 2014, do total de 20, 1 milhões de torcedores que frequentam estádios no Brasil, 2,753 milhões são de crianças na faixa etária de 10 a 15 anos. Se levarmos a proporção para o futebol campineiro, você chega a conclusão de que muita coisa precisa ser feita no presente e no futuro.

Não, não vou condenar o pai bugrino e pontepretano. Pelo contrário. Com seu foco em preservar a paixão dentro de casa eles são os únicos responsáveis pela perpetuação da paixão. Não há como tirar outra conclusão devido a concorrência feroz sofrida pelo torcedor campineiro na hora de prevalecer a sua hereditariedade.

Senão vejamos: seja no período da manhã ou da tarde, qualquer criança matriculada em alguma escola campineira dirige-se para casa e acompanha pela televisão o noticiário esportivo. Como opção ideal, as emissoras de rádio e televisão locais abordam em profundidade as atividades e bugrinos e pontepretanos.

Os veículos de comunicação de alcance nacional? Raramente dão espaço para Ponte Preta e Guarani e direcionam sua grade para Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras e São Paulo, as torcidas de preferência nacional. Repare: excluo do privilégio times como Santos, Atlético Mineiro Mineiro, Cruzeiro, Botafogo, Fluminense, Grêmio e Internacional, times que dependem e muito do noticiário local de suas cidades para propagarem suas informações e marcas. Se dependerem das emissoras em âmbito nacional, estariam perdidos.

Se eles sofrem e lutam para expandir suas marcas e captarem a preferência infantil, imagine os obstáculos sofridos por Ponte Preta e Guarani. Se levarmos em conta a cobertura dos campeonatos europeus, o quadro fica dramático. Afinal, como dizer a uma criança de sete ou oito anos que Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo tem um interesse menor que Pipico, Eliandro, Roger e Felipe Azevedo? Pois é.

Com o quadro exposto, vem a pergunta: o que as diretorias fazem para combater esta avalanche e renovarem seu séquito de torcedores? Queiramos ou não, as ações são escassas. Poucas são as vezes que são realizadas tardes de autógrafos com ídolos ou ex-jogadores de Ponte Preta e Guarani. Praças de esportes estão espalhadas por toda a Campinas e poderiam ser utilizadas para realização de treinos abertos e com possibilidade de jogadores com torcedores de diversos bairros de Campinas. O contato direto com o jogador seria um contraponto interessante.

O programa de Sócio Torcedor precisaria de uma remodelagem. O Guarani encontra-se um pouco mais avançado por oferecer um desconto por dependente. Mas é possível avançar, assim como na Ponte Preta que sequer prevê qualquer mecanismo de facilidade para o pai, por exemplo, com desejo de inscrever seus filhos no sócio torcedor.

No dia da Criança, as diretorias de Ponte Preta e Guarani deveriam entender que o dia 12 de outubro não deveria ser como ponto final e sim como largada para o estabelecimento de um relacionamento duradouro e proveitoso com quem poderá lhe dar fidelidade desde os primeiros passos até a eternidade.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

 

Atualização às 15h29: a equipe do Só Dérbi recebeu telefonema da Assessoria da Ponte Preta a respeito do artigo opinativo. A assessoria afirmou que o clube tem diversas ações voltadas para as crianças. Colocaremos todas em novo artigo opinativo a ser publicado amanhã. Mas já faço um preâmbulo: o problema não está só na quantidade (que ainda assim considero insuficiente) e sim na qualidade das ações e seu respectivo foco. Um novo texto será feito para aprofundar o tema e fomentar o debate.