Desde o início do ano, os torcedores da Ponte Preta reclamam de que as informações do clube não são transmitidas de modo adequado. Muitos desencontros e um certo desleixo para quem frequenta as arquibancadas.
A priori considerava o tema menor, sem importância. Até que na semana passada fui avisado de que não poderia mais tirar dúvidas diretamente com o gerente de futebol, Gustavo Bueno sobre a procedência de algumas informações. Cláudio Henrique Albuquerque, o Kiko, teria sido o autor da decisão. Nos dias posteriores, o aviso de que uma guerra silenciosa ocorria. Profissionais de imprensa (que não abriram o assunto comigo, diga-se de passagem) tinham dificuldades para exercerem o seu ofício. E porque não fazem uma reclamação? Muitos tem medo, pavor, da reação de Kiko. Confesso: estou entre eles.
Direta ou indiretamente acompanho o dia a dia da Ponte Preta há quase 12 anos. Desde julho de 2008, quando iniciei minha jornada no Jornal Tododia.
Desde essa época formou-se uma áurea, um temor, pânico entre os profissionais de imprensa em relação as reações de Kiko a cada informação divulgada. Nos seus gestos e palavras sempre demonstrou má vontade com a circulação da informação, com o estabelecimento de uma relação profissional, madura e saudável. Não foram poucos os dias em que fui ao Majestoso como quem vai em sentido figurado com uma faca no pescoço.
O temor de que o discurso tenso, raivoso desembocasse em algo mais grave. Nunca aconteceu, mas o desgaste psicológico era imenso. Ao mesmo tempo, a necessidade de informar com correção o torcedor.
Neste janeiro de 2020, profissionais que acompanham a Macaca tiveram pouquíssimas janelas de entrevistas. Lamento e fico triste por essa situação. De verdade. E detalhe: a culpa da assessoria de imprensa por tal situação é zero.
A largada da temporada de 2020 devolveu um patrimônio perdido na Macaca: a esperança. Torcedores celebram discretamente as contratações e torcem por um acesso redentor na Série B no final do ano. E eis que aqueles profissionais, honestos e dedicados, encarregados de levarem as informações ao torcedor pisam nos seus locais de trabalho de modo contrito, triste.
Nos bastidores, nas conversas de pessoas dentro e fora da Ponte Preta todos afirmam (em off) que o protagonista desta construção equivocada é Kiko. Se isso for uma inverdade ( e espero que seja!) o que estão esperando para desmentir? Por que Kiko não vem á publico e desmente essa situação que claramente atrapalha no desenvolvimento do trabalho dentro da Ponte Preta?
Seja Kiko ou qualquer outro responsável por essa guerra fria com a imprensa, lamento que desconheça a própria história da agremiação. Nos últimos anos, suas melhores campanhas ocorreram com o clima desanuviado, de guarda abaixada, em que jornalistas, dirigentes e comissão técnica tinham um relacionamento harmonioso e em que todos entendiam o seu papel na engrenagem do futebol. Foi assim nos acessos nacionais de 2011 e 2014, no primeiro semestre de 2017 e assim por diante.
Quando era instalado o clima de paranoia e de caça ao inimigo invisível o naufrágio era evidente. Quem viveu os rebaixamentos de 2013 e de 2017, sabe do que falo…
Se for Kiko ou outra pessoa do departamento de futebol o patrocinador de tal conjuntura, no fundo, no fundo, eu não condeno. Tomam tal postura por amor a Ponte Preta. Duro é constatar que desconhecem as várias facetas do amor. Que pode ser libertador, harmonioso, inclusivo, mas também pode ser castrador, sufocante e sem nexo com a realidade. Esses (ou esse) escolheram a segunda alternativa. Uma pena.
Vitórias e derrotas são construídas em detalhes. Agregar é o passo inicial da redenção. Que aqueles que estão no departamento de futebol profissional tenham clareza de algo simplório: a Ponte Preta não é de vocês. De ninguém. É do seu povo. Que deseja e precisa de noticias. Não só do site oficial.
Porque a democracia é feita de várias vozes e ideias. Só assim é possível viver em paz antes da Macaca entrar em uma guerra cuja vitória produzirá frutos para os próximos anos.
(Análise feita por Elias Aredes Junior)