A Ponte Preta deve se importar com o Guarani? A resposta? Sim e Não!

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Nos últimos dias, as redes sociais foram invadidas por comentários e reclamações de torcedores pontepretanos. O Guarani virou a bola da vez. A sua chegada a final da terceirona nacional e a projeção efetuada pela mídia local fez com que uma gritaria fosse estabelecida.

A cobertura estaria acima do tom. Uma valorização acima do normal para uma competição sem cobertura ostensiva dos meios de comunicação e que tem um valor muito menor que a divisão de elite disputada pela Ponte Preta. Profissionais de imprensa são colocados na berlinda e sequer tem direito a réplica ou tréplica. Na mente de alguns torcedores da Macaca, o acompanhamento do Alviverde está manipulado e não há contestação em relação até a circunstância dos jogos em que o Guarani obteve vitórias em casa sobre o ABC e o ASA. Teoria da conspiração por todos os lados.

Esta fila de argumentos, lamentações e reclamações fez com que eu fomentasse uma pergunta: o pontepretano deve importar-se com o rival? Existe motivo para ressentimento ? O Guarani é dor de cabeça para a Ponte Preta e vice versa? A resposta é sim e não. Calma, não é postura neutra ou vaselística. Existe lógica ao adotar duas expressões tão antagônicas

Um oponente histórico.

A resposta é SIM quando levamos em consideração que o Guarani é o adversário histórico da Ponte Preta. Foi essa rivalidade que lhe fez ultrapassar as dificuldades vividas por clubes de futebol do interior no ínício do Século 20 e firmar-se como um protagonista do futebol brasileiro. A Ponte Preta orgulha-se de ter sido o primeiro time do interior a disputar uma competição de âmbito nacional (o Roberto Gomes Pedrosa em 1970) não só pelo ineditismo da ação, mas porque suplantou o histórico rival.

O Guarani é essencial no histórico da Macaca ao verificarmos a sua vitória no dérbi realizado no Moisés Lucarelli em 1981 e o placar de 3 a 2 que levou o time a final do Paulistão. A rivalidade produziu as vitórias nos derbis pela semifinal do Campeonato Paulista de 1979 ou ainda os triunfos pela Série B de 2011. Uma parte da idolatria usufruída pelo então técnico Gilson Kleina vinha destas duas vitórias, apesar do tropeço na semifinal do Paulistão de 2012. Sob o ponto de vista de retrospectiva não há como negar: o Guarani é participante na história da Alvinegra e mesmo que esteja em má situação financeira, ainda está no radar dos seus torcedores que frequentam o Majestoso. Até para torcer contra um possível ressurgimento bugrino que culmine com o retorno as principais divisões do Paulistão e Brasileirão.

Mundos diferentes

Em contrapartida, se levarmos o momento atual em consideração, não há motivo nenhum para o torcedor pontepretano encontrar-se contrariado, raivoso e inconformado com o tratamento dado ao rival. Por um motivo: os dois times vivem situações muito diferentes. Bem diferentes. Nem por isso a imprensa local, por exemplo, deve ignorar um ou outro. Antes de qualquer frase ou ideia oponente, é preciso dizer que tanto Ponte Preta e Guarani são integrantes de uma industria de entretenimento objeto de cobertura da própria imprensa.

Agora vejamos: a Ponte Preta disputa a divisão de elite do Campeonato Brasileiro, com uma cota de televisão de R$ 28 milhões e com participações na Sul-Americana e Copa do Brasil. O seu estádio futuramente será desalojado e o time vai utilizar uma nova arena no Jardim Eulina e sem estar sendo forçado a nada. É um salto de qualidade, não um expediente de emergência.

Nos últimos 10 anos, a Ponte Preta foi o único time do interior paulista a participar de uma final de competição patrocinada pela Conmebol. Antes dele, só o São Caetano com a final da Copa Libertadores de 2002. Querem uma cobertura mais ostensiva do que jogar uma final de torneio internacional? Não conheço.

Número de jogos

Poderia ser melhor? Sim, claro que poderia. Mas o cotidiano do pontepretano tem outras preocupações. Por pior que sejam os erros de Sérgio Carnielli nestes quase 20 anos de ocupação do poder, o seu mérito é ter salvo a Ponte Preta da falência e nunca ter criado uma situação que deixasse a sua agremiação em situação vexatória.

A imprensa campineira dá destaque demasiado ao Guarani por encontrar-se na final? Respeito as opiniões, mas acho que algo precisa ser dito: o Guarani fará no sábado a 43ª partida na temporada. A Macaca, por sua vez, ficou na mídia em virtude de 19 partidas no Paulistão, outros 38 no Brasileirão, além da Copa do Brasil. Partidas acompanhadas pela mídia com atenção e relevo. Pare, pense, reflita e pesquise: qual calendário deixa um dos dois times em maior evidência? O pontepretano, em sua raiva insólita e desmedida, coloca no mesmo patamar dois mundos diferentes. Não dá. Não pode.

O melhor seria os dois times campineiros nas duas principais divisões do futebol brasileiro. Enquanto isso não acontece, o exercício da rivalidade é bem vinda, desde que seja executada com racionalidade, ponderação e bom senso.

(análise feita por Elias Aredes Junior)