Análise: o êxito de Marcelo Oliveira pode ser a aparição de uma nova ideia na Ponte Preta. E a torcida espera. Com paciência

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Desde que comecei a cobertura esportiva de modo ininterrupto, desde 2004, um conceito tinha em mente: o torcedor da Ponte Preta sempre desejava contar em suas fileiras com nomes que pudessem lhe transmitir orgulho. E não pensava duas vezes para refutar qualquer nome que demonstrasse ausência de poderio e credibilidade. Exemplos: a desistência da diretoria em contratar Ricardinho, hoje comentarista, em 2014 e anos depois com Adilson Batista. As redes sociais agiram de modo virulento. E conseguiram aquilo que queriam.

Quando Marcelo Oliveira foi contratado, a sua aceitação foi bem generosa. A Ponte Preta não recebia qualquer profissional. Campeão da Copa do Brasil, bicampeão brasileiro, duas vezes finalista de Copa do Brasil com o Coritiba…O currículo era vasto e recheado.

A bola rolou e os 32 pontos  e a distância da zona de classificação geram incômodo. Não somente pela distância do grupo de classificação, mas porque o desempenho está longe de ser aceitável.

O aproveitamento decepcionante não faz a torcida direcionar as suas reclamações ao veterano treinador. Integrantes do departamento de futebol, presidente da diretoria executiva, ex-dirigentes e até alguns jogadores se transformaram em réus. Marcelo Oliveira é criticado, sim, mas não na intensidade do que se verificou com outros técnicos.

Por que? Em primeiro lugar porque muitos torcedores perceberam que o drama pontepretano vai muito além das quatro linhas. Não é questão apenas de trocar o treinador mas é a perda de conceitos primordiais: clima harmonioso para trabalhar, tranquilidade política, ausência de vaidade e de prepotência. Se tais características estivessem presentes, certamente o técnico teria o ambiente correto para atuar.

Existe outro aspecto: a torcida da Ponte Preta, no fundo, quer que Marcelo Oliveira. Deseja o seu sucesso. Principalmente porque muitos consideram que o seu êxito pode automaticamente elevar o patamar. Não somente de presença na primeira divisão. Mas também de recursos humanos. Ora, se um técnico renomado deu certo e produziu frutos, porque voltar a metodologia do bom e barato?

Marcelo Oliveira não trabalha apenas para subir a Ponte Preta. Seu desempenho pode ser o passaporte para a implantação de nova mentalidade. Que muitos torcedores aplaudiriam de pé.

(Elias Aredes Junior- Foto de Alvaro Junior-Pontepress-Arquivo-divulgação)