Vanderlei Pereira e o seu silêncio que só cria barulho

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Nos anos que ocupou o governo do Rio de Janeiro, o falecido governador Leonel Brizola tinha no jornalista Fernando Brito o seu ghost writer de plantão. Escrevia discursos, pronunciamentos e notas de interesse público. De tanto conviver com o “Velho Briza”, o assessor adquiriu por conta própria o cacoete suficiente para encaminhar os comunicados. Nem precisava consultar o chefe. Assim acontece com políticos presentes diurtunamente na mídia. 

O exemplo citado tem algo em comum: os assessores sabiam o que escrever porque o assessorado falava, comunicava-se. Faço este preâmbulo para analisar a confusão em que se meteu o presidente da Ponte Preta, Vanderlei Pereira, a respeito de Luis Fabiano. Ele precisou vir a público esclarecer que em nenhum momento disse na reunião do Conselho Deliberativo que o ex-jogador da Seleção Brasileira era “cavalo cansado”. Preciso utilizar a assessoria de imprensa – que não culpa nenhuma no episódio- para esclarecer o óbvio: que o atleta de 36 anos interessa a Ponte Preta. Por que tal confusão aconteceu? A resposta é simples: Vanderlei Pereira não se comunica com a torcida e sequer com a imprensa. Dá margem a especulações.

Vou dar um exemplo banal. O atual presidente da Macaca dá expediente diário no estádio Moisés Lucarelli. Fica em sua sala, compenetrado em números, balancetes e análises das contas pontepretanas. É vital, essencial. Sem saúde financeira não há como galgar novos degraus e sonhos. Duro é constatar a conotação política do cargo. E no sentido positivo da palavra. Ou seja, de se relacionar, conversar, trocar ideias e por vezes desfazer mal entendidos antes que apareçam.

Pegue o caso de Luis Fabiano. O boato e a especulação surgiram assim que foi anunciada a sua rescisão de contrato no futebol Chinês. Pense e imagine Vanderlei adotar a prática cotidiana de passar na sala de imprensa do Majestoso e dar um singelo “Oi” aos jornalistas que cobrem o dia a dia da Ponte Preta. Ele iria trocar palavras com os setoristas e de modo educado perguntaria como vai a vida de cada um.

Em dado momento, certamente alguém perguntaria ao mandatário pontepretano se existe interesse em Luís Fabiano. Vamos supor que em off ele desse a seguinte resposta: “Ele é um jogador excepcional que já defendeu a Ponte e a Seleção Brasileira. É um atleta diferenciado as portas da Ponte Preta sempre estão abertas a ele, em qualquer situação”. É basicamente o que ele disse por intermédio da assessoria de imprensa após a reunião do Conselho Deliberativo.

.Ao continuar a nossa suposição diríamos que os jornalistas iriam repercutir a informação sem dar crédito a Vanderlei Pereira. Seria uma informação talhada para acalmar a ansiedade do torcedor pontepretano e colocaria a Macaca como pretendente do jogador. E por que tudo isso aconteceria? Simples: por que Vanderlei Pereira falaria. Estaria em contato com as pessoas, deixaria suas ideias claras e evitaria mal entendidos.

Quanto mais abraça a reclusão e a mudez, mais Vanderlei Pereira dá espaço para especulações e frases desconexas. Já passou da hora de aprender um conceito tão banal.

(análise feita por Elias Aredes Junior)