Tiãozinho, um presidente que esqueceu o valor da democracia e a necessidade da prestação de contas a torcida da Ponte Preta

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O destino de Marcelo Oliveira foi selado na Ponte Preta em um pronunciamento de três minutos e 30 segundos por parte do presidente Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho. Não, não vamos contestar aqui a decisão. Cada toma a medida que deseja quando é encarregado da condução. Quero falar de algo  necessário: democracia. Para ser mais exato espirito democrático.

A existência da pandemia e a urgência de distanciamento não tira alguns preceitos consagrados. O principal é que presidir um clube como a Ponte Preta tem interesse público. Ou seja, os seus atos, atitudes e preceitos precisam ser constantemente submetidos ao escrutínio da opinião pública. É preciso participar de entrevistas coletivas, responder a perguntas, submeter-se ao contraditório e entender que tal processo é vital para a construção do debate da opinião pública.

Em um mundo normal, Marcelo Oliveira seria desligado e os repórteres que cobrem o dia a dia da Ponte Preta seriam convidados a enviarem perguntas para que presidente pudesse responder. Nem que as respostas fossem enviadas no dia seguinte. Nada disso. Um pronunciamento imperial e assunto encerrado.

Tiãozinho foi forjado nas lutas sociais e democráticas e parece que esqueceu. Aquele que há bem pouco tempo participava de entrevistas coletivas e individuais (inclusive para este Só Dérbi) deu lugar a um mandatário distante e sem preocupação com a prestação de contas.

Seu pronunciamento após o jogo parecia muito mais um trecho do programa governamental “A Voz do Brasil” do que alguém que prestava contas a sua comunidade. O silêncio impera e de modo constrangedor.

Tiãozinho é opositor declarado do atual Presidente da República, Jair Bolsonaro. Pois eu digo: o atual mandatário do Palácio do Planalto vence Tiãozinho por 20 a 0. Motivo: Bolsonaro faz lives semanais. Você pode argumentar (e com razão): “Ah, mas Bolsonaro só quer saber de falar para base eleitoral dele”. É verdade. Tiãozinho nem isso. Não procura agradar nem seus aliados na torcida e no Conselho Deliberativo. Dura e pura realidade.

Pior do que os resultados frustrantes na temporada, o que angustia o torcedor pontepretano é a sensação de abandono e de desprezo que ele sente em relação aos seus comandantes. A diretoria executiva da Ponte Preta está isolada, desconectada e sem se importar com o sentimento do torcedor.

Não adianta agradecer torcedor em pronunciamento. É preciso falar, conversar e prestar contas quase que diariamente. Algo que era feito por Marco Antonio Eberlin e Márcio Della Volpe nos períodos em que comandaram o futebol. Ou com José Armando Abdalla Junior. É hoje? É a administração “Caladão”.

Evidente que queremos o acesso da Ponte Preta. Só que se isso acontecer será um caso único, de um time que fez tudo errado, sem diálogo com sua torcida e que no final foi premiado. É preciso mudar essa rota. Antes que seja tarde demais.

(Elias Aredes Junior-Foto Álvaro Junior-Pontepress-divulgação)