Um dos principais fatos da semana foi a aprovação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei que concede todo o poder de negociação para o direito de arena aos clubes de futebol do Brasil. A “PL do mandante” ainda será enviada ao Senado para aprovação e depois terá que ser sancionado pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro e será brevemente abordado neste portal.
Já o projeto que permite aos clubes se transformarem em empresas também foi aprovado no plenário da Câmara dos Deputados após ter sido analisado e recebido o sinal verde no Senado. Só falta a sanção da presidência da República.
Ou seja, a chapa que vencer as eleições da Ponte Preta, programadas para novembro, estará diante de um novo cenário.
Neste primeiro post será exibida a posição do Movimento Renascer Pontepretano sobre o Projeto de Clube Empresa em que falta apenas a sanção presidencial. Na semana que vem, será exposta a visão do grupo sobre os desdobramentos da PL do Mandante.
A resposta enviada pelo movimento político a reportagem do Só Dérbi foi a seguinte:
“Em relação à possibilidade de transformação dos clubes associativos em empresas, entendemos que possa ser um movimento possível no longo prazo e devemos estar preparados para tal. Porém, nos posicionamos de forma clara nos seguintes aspectos:
1) Primeiramente, precisamos deixar claro que, qualquer que seja o modelo jurídico da Ponte Preta, ela precisa funcionar de forma profissional, porque é isso que o ambiente exige dela hoje. E se estamos sofrendo hoje não é pelo modelo jurídico, mas pela forma que ela foi administrada nas últimas duas décadas. É malabarismo retórico criar a ilusão no torcedor de que as mesmas pessoas que não foram capazes de preparar o clube para ser autossustentável após 20 anos, poderiam fazer algo melhor em outra modalidade jurídica.
2) Transformar uma associação em empresa, não implica automaticamente em profissionalização e uma boa gestão. Há tanto associações como empresas bem administradas e mal administradas. Adicionalmente, uma empresa mal administrada implica em sanções muito mais severas do que uma associação, inclusive sua falência e liquidação. Fossem os clubes brasileiros empresas, neste momento muitas marcas centenárias não mais existiriam. E o fato de ser uma associação não implica, muito menos justifica, uma gestão amadora e sem governança e transparência.
3) Entendemos que ainda não existe maturidade suficiente no futebol brasileiro para um movimento de curto prazo neste sentido, seja dos clubes, que não possuem práticas de governança instauradas para tal transição, seja dos investidores, que necessitam entender a função social e tradições que representam um clube de futebol para sua comunidade. Da mesma forma que existem exemplos positivos de clubes privados mundo afora, observamos muitos outros extremamente conflituosos entre acionistas e torcedores, como o caso emblemático do Manchester United, em que os acionistas privilegiam claramente distribuição de dividendos, em detrimento de desempenho esportivo. Além de recentes iniciativas extremamente mal sucedidas no próprio mercado brasileiro.
4) Dada tal função social de um clube de futebol perante sua comunidade e sua importância para centenas de milhares ou milhões de pessoas e os riscos envolvidos com possíveis más gestões, que possam inclusive liquidar um clube centenário, entendemos que qualquer hipótese de transformação em uma sociedade privada deve vir acompanhada de um amplo diálogo com a comunidade envolvida.
5) Como em qualquer empresa ou negócio, existem bons investidores e maus investidores. Mais do que o aspecto financeiro, quando se escolhe seus investidores, questões relacionadas a valores, visão e congruência de interesses devem ser levados em consideração até com maior peso ao financeiro. O mesmo deverá ocorrer no caso da Ponte Preta, caso, em algum momento, seja este o caminho decidido pela coletividade alvinegra. Como bem sabemos, há dinheiro bom, mas também dinheiro ruim. Qualquer discussão neste sentido deve considerar quem são os investidores, seus sucessores, regras de saída, preservação de controle da associação em relação a assuntos estratégicos, entre outros.
6) Da mesma forma, entendemos que caso em algum momento seja este o caminho para o clube, é fundamental se prever a limitação de cotas a investidores individuais, de forma a diluir controle da organização, mantendo os interesses da mesma acima de interesses individuais.
7) O MRP reforça que compreende ser este um possível caminho futuro para o clube, porém tem uma posição clara e contundente de que a Ponte Preta não está pronta para tal movimento neste momento, não há clareza e muito menos diálogo suficiente em relação ao tema junto à coletividade pontepretana e que a transformação do clube em empresa NÃO é uma diretriz do plano de gestão e desenvolvimento que está sendo desenvolvido por nosso grupo.
8) Por fim, o MRP entende ser plenamente possível a implantação de mecanismos de governança, gestão e profissionalização do clube sem a necessidade de convertê-lo em empresa, bem como da criação de estruturas jurídicas e financeiras, que acompanhadas da modernização do estatuto e revitalização do papel dos órgãos de controle do clube, oferecerão as condições necessárias para a busca de investimentos para o desenvolvimento sustentável da instituição”, disse o Movimento Renascer Pontepretano.