Leandro Zago e Fábio Moreno: pior do voltar ao passado é desperdiçar o futuro que está na sua frente

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Impossível deixar de nutrir empatia pelo torcedor pontepretano neste domingo. O rebaixamento á Série A-2 dói, produz feridas e fará com que o gosto amargo na boca prevaleça.

Mesmo se conseguir uma campanha espetacular na Série B do Brasileirão.

Afinal de contas, além de autoestima devastada pela queda, existe um prejuízo financeiro descomunal e que fará com que a Macaca tenha um exercício de criatividade administrativa em 2023. Sabe o que é pior? Isso poderia ser diferente.

O destino deu duas oportunidades para a Macaca realizar trabalhos de longo prazo, baseados na ciência do esporte, com conceitos modernos e com pessoas identificadas com o clube e sua torcida.

Em fevereiro de 2018, com o objetivo de conter gastos, o então presidente José Armando Abdalla Junior demitiu Leandro Zago, técnico com bons resultados tanto no Sub-17 como no Sub-20.

Quem acompanhava os bastidores da época, sabia que o profissional era sumariamente boicotado nas estruturas do Majestoso. Tinha potencial enorme para assumir o time profissional, o que atrapalharia os planos de quem queria deixar tudo como estava.

Zago saiu e de forma mostrou o que a Ponte Preta perdeu: boas campanhas com o time Sub-23 do Atlético Mineiro, uma eliminação injusta na Série D com o Joinville e na atual edição do Campeonato Paulista, na condução do Botafogo de Ribeirão Preto, ficou com 18 pontos ganhos e apesar de eliminado, Zago pode dizer que ficou entre os seis primeiros colocados.

Será que ele não teria condição de fazer um bom trabalho em médio e longo, especialmente se não sofresse boicote? Pois é.

Desperdiçar o talento e a capacidade de Leandro Zago não foi suficiente. Ao assumir o comando em definitivo da Equipe no final de 2020, Fábio Moreno, mesmo que aos trancos e barrancos quis incutir uma nova filosofia de jogo na Ponte Preta, com valorização da posse de bola, com jogadores mais virtuosos e capazes de serem criativos e antenados com aquilo que se faz na Europa.

Fez escolhas erradas?

Concordo.

Contratações equivocadas como a do volante Vini Locatelli. Mas a metodologia era adequada e poderia inaugurar uma nova forma de ver e acompanhar a Macaca. Foi boicotado dentro e fora do clube, inclusive por uma parte da imprensa que insiste em defender um estilo de futebol atrasado e sem base na Ciência do Esporte. Foi decepcionante no Paulistão? Somou 14 pontos, ficou na 11ª posição na classificação geral. Mas não caiu. Foi trocado por Gilson Kleina, cujo trabalho não convenceu em nenhuma das 37 rodadas disputadas. Valeu a pena?

Hoje, Fábio Moreno trabalha com Odair Hellmann, que está no futebol árabe. Foi por muitos anos auxiliar de Abel Braga. Será que ele é tão ruim assim? Não, não é.

Fica a pergunta: por que a Ponte Preta insiste em desperdiçar tantos talentos? Por que o tempo necessário não é concedido para quem deseja romper padrões?

Simples: parte da comunidade pontepretana e também da imprensa – sim, estamos no balaio- não percebem que o futebol mudou e insistem em ficarem presos a dogmas do passado. E acham que estão certos.

O rebaixamento à Série A-2 comprovou algo dolorido: pior do que ficar preso ao passado é saber que o futuro esteve diante de ti e você preferiu jogar no lixo. Triste.

(Elias Aredes Junior-fotos Divulgação)