Movimento Democracia Bugrina divulga manifesto a favor da democracia e de busca por um Guarani mais popular e inclusivo

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Quem acompanha este Só Derbi desde janeiro de 2016, sabe que não dissociamos o futebol da vida em sociedade. E a política não está excluida. Apoiamos o surgimento de torcidas antifascistas nos clubes campineiros e daremos nosso apoio a todo movimento que queira defender o nosso bem mais precioso, que é a democracia.

Desde o ano passado, acompanhamos com atenção as atitudes e posturas do movimento Democracia Bugrina. Um movimento que abrange torcedores das mais diversas orientações ideológicas. E que desejam apenas preservar a pluralidade de ideias e o espectro democrático não somente dentro da sociedade, como também dentro do Guarani Futebol Clube. Diante disso, publicaremos abaixo o manifesto emitido pelo movimento e que é, antes de tudo, uma defesa da Democracia. Em todos os espaços. Por isso tem nosso apoio.

Confira abaixo na íntegra o manifesto da Democracia Bugrina:

“A Democracia Bugrina, que surge como resposta à escalada conservadora em nossa sociedade, congrega setores progressistas, socialistas, comunistas da imensa comunidade bugrina.

Compreendemos o futebol como uma manifestação da cultura popular, praticado em variadas condições sociais e econômicas, mas que foi transformado em mera mercadoria, como tudo o que o capitalismo toca. Ainda assim, o futebol resiste nas camadas populares como uma prática de congregação, de solidariedade e de lazer.

A lógica do capitalismo na atualidade é de centralização e concentração de riqueza e de poder, atingindo quase todas as esferas sociais, produzindo as desigualdades sociais e econômicas que conhecemos. Com o futebol não é diferente. Clubes, atletas, funcionários são submetidos á lógica mercantil.

Tudo vira mercadoria.

A centralização e a concentração de riqueza também atinge os clubes de futebol, transformados em empresas, SA’s, entre outras formas empresariais que colocam a lógica do lucro acima dos vínculos afetivos dos torcedores com seus times.

Sob o capitalismo, a lógica mercantil no futebol fortalecerá ainda mais os grandes empreendimentos esportivos e colocará à margem os pequenos e médios clubes, tal como nos demais setores econômicos.

Acreditamos na possibilidade de construção de uma sociedade fraterna e igualitária em que o futebol seja valorizado como manifestação da cultura popular. Enquanto isso, lutamos para ampliar a democracia na sociedade e no futebol, para que os setores populares tenham melhores condições de vida e de trabalho, para que o futebol não seja cada vez mais elitizado, como vemos em várias partes do mundo e no Brasil.

Essa elitização do futebol, com ingressos caros e inacessíveis para os setores populares, é uma política dos setores dominantes e da quase totalidade dos dirigentes dos clubes para afastar o povo dos estádios, para ampliar seus lucros e os negócios que o futebol gera.

Além disso, as grandes emissoras de TV determinam as regras, horários e organização dos campeonatos em função de seus interesses econômicos em detrimento dos interesses do povo.

Em relação à violência, resultado em grande parte das desigualdades sociais e econômicas, é manipulada pelos setores dominantes das mais diversas formas, seja pelo monopólio da violência por parte do Estado, que recai de forma mais dura sobre os setores oprimidos, principalmente sobre a juventude negra e periférica, como também pelo incentivo ao ódio entre as torcidas, ou seja, para que trabalhadores de um time cultivem o ódio contra trabalhadores de outros times.

Enquanto isso, a classe dominante mantém suas formas de exploração e dominação. Nesse sentido, o lema “Paz entre nós, guerra aos senhores” adaptamos para “Paz entre as torcidas e guerra aos senhores”.

Diante do exposto, a Democracia Bugrina atuará para a organização dos torcedores e torcedoras do Guarani para ações coletivas, para ampliação entre os vínculos da torcida com os dirigentes e com equipe de futebol, mantendo a independência necessária e crítica aos rumos adotados pela direção de plantão, pela unidade entre os setores de esquerda de todas as torcidas para ações comuns e de combate ao ódio aos setores conservadores e neofascistas, pelo combate ao racismo e toda forma de preconceito, pela livre manifestação de orientação sexual, pela defesa das liberdades democráticas e pelo fortalecimento do Guarani com um clube popular, com a democratização e ampliação de suas formas de decisão e participação.