Por que a qualidade do elenco do Guarani deixa a desejar? O Só Dérbi explica para você

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Michel Alves falou. Explicou sua linha de trabalho e as decisões tomadas no Guarani. Quem acompanha nosso trabalho sabe nosso posicionamento critico em relação ao desempenho do Superintendente Executivo de Futebol. O elenco atual é mal montado, com limitações escancaradas.

Fica a pergunta: quais os motivos que levam a tal conclusão? É isso que pretendemos esmiuçar neste artigo. Vamos aprofundar contextos, analisar caracteristicas e possibilidades táticas. Evidente que há possibilidade de discórdia e encaminhamento de outras explicações. Mas tudo, absolutamente tudo que será escrito a partir de agora tentará ser lastreado em cima da realidade. Somente ela. Vou separar por setores e citar apenas os atletas que estão presentes no Press Kit distribuido antes dos jogos.

Goleiros: Que Maurício Kozlinski é bom arqueiro, todos concordam. Mas não adianta contratar para resolver o micro se o macro continua pendente. Rafael Martins não é confiável. Basta relembrar as falhas registradas no ano passado. Arthur Gazze? Lucas Cardoso? Apostas. Não há segurança de que podem segurar o samba. Até porque os métodos de trabalho do preparador de goleiros Silvano Austrália continuam muito contestados. Os goleiros sob seu comando não crescem ou evoluem tecnicamente. Ou Gabriel Mesquita deixou saudades? Ou você confia em Rafael Martins? Ou não detectou pequenos problemas na saída de gol com o atual titular do Guarani? Pois é. Nesta posição, o Guarani buscou uma solução para ter tranquilidade para os jogos. Mas não tem uma solução de qualidade para o elenco em caso de emergência.

Laterais: Não podemos condenar Lucas Ramon por antecipação. Deve-se aguardar o seu trabalho ser melhor exposto. No entanto, em relação aos outros componentes, existe um erro não em relação a qualidade mas de concepção de elenco. Todo técnico quer sustentar um padrão de jogo. Uma maneira de jogar. Mesmo com reservas. Não há como executar tal tarefa no Guarani. Diogo Matheus, apesar de boa presença ofensiva, é mais marcador do que Matheus Ludke. No lado esquerdo, Matheus Pereira é destemido, ofensivo e ainda deixa a desejar na marcação. Já o seu substituto Eliel só privilegia a marcação. Pergunto: como sustentar um padrão de jogo pelos lados com atletas titulares e reservas com caracteristicas tão distintas? Se existe tal distorção, a responsabilidade é de quem contratou…Logo, Michel Alves deve pagar a fatura.

Zagueiros: Em relação a conceito de jogo, de caracteristica de elenco, acredito que aqui encontra-se a falha mais grave da gestão de Michel Alves. O Guarani tem três zagueiros acima de 30 anos: Leandro Castan (35 anos), Ernando (34 anos) e Ronaldo (32 anos). Derlan, com 26 anos, Bruno Bianconi, com 19 anos e João Victor, com 24 anos, completam o setor. Evidente que as escolhas devem recair sobre os mais experientes.

No entanto, a Ciência do Esporte já comprovou por diversas evidências e dados que atletas acima de 30 anos precisam um tempo maior de recuperação após cada partida e são mais suscetiveis a lesões. Daí você pega uma competição de 38 rodadas e que na prática é disputada em 6 meses. Na Europa, os campeonatos de pontos corridos são em 8 ou 9 meses. Ou seja, o risco de você não contar com esses veteranos na maior parte dos jogos é algo relevante. Junte isso ao histórico da defesa bugrina que está longe de ser satisfatória. Ou seja, o desafio de Marcelo Chamusca é gigante. Tudo produzido pelo seu superior hierárquico. Acredite: formar uma dupla estável de zaga será um milagre.

Volantes: Apesar de ser em menor escala, Michel Alves cometeu o mesmo erro de conceito. Ele errou ao abrir mão de Bruno Silva, o único com bom passe e que iniciava as jogadas. Trocou por Leandro Vilela, lutador, batalhador, até que com passe razoável, mas longe da técnica do antigo titular. O seu reserva imediato, Madison, infelizmente padece de ineficiência no passe e por vezes encontra-se mal colocado para dar o bote no adversário. Quando quiser escolher um segundo volante, Chamusca terá dificuldades para dificuldades para uniformizar o jogo entre titulares e reservas.

Rodrigo Andrade é técnico, bom passador de bola, capaz de romper as linhas de marcação e em algumas ocasiões mostra boa capacidade de conclusão. Índio é totalmente inverso. Silas, por sua vez, parece confuso no gramado. Quer ajudar como primeiro volante e não ajuda; em outras exerce papel de segundo volante e também não acrescenta. Dificulta até o trabalho do treinador na hora da montagem do time. Talvez a única presença que traz conforto a comissão técnica é a presença de Eduardo Person, bom passador de bola e capaz também de compactar e iniciar as jogadas em instantes cruciais.

Meias Armadores: Ao escolher apenas três jogadores para compor o elenco, Michel Alves condenou o treinador (qualquer treinador!) a jogar apenas com três jogadores no meio-campo.

Façamos um exercício de imaginação.

Digamos que o técnico Marcelo Chamusca queira montar a equipe com dois volantes pegadores, ou um volante mais técnico e dois meias para formar um losango. Ou um 4-5-1 com dois volantes lado a lado e três meias sendo que um em cada lado e outro centralizado. Como ele pode fazer isso se ele tem à disposição apenas Giovanni Augusto, Vitinho e Marcinho? Pior: apenas um é tecnicamente confiável e estável, no caso, Giovanni Augusto. Os outros dois buscam afirmação. Viram como a vida do treinador é dificultada? Não é invenção. São fatos.

Atacantes: vamos falar primeiro do lado positivo: Bruno José é perigoso e veloz. Tem boa arrancada e capacidade de assistência elogiável. Julio César é um atacante operário. Ou seja, sua velocidade é para desafogar o time e por vezes exercer o papel de auxiliar de marcação pelo lado esquerdo. Lucão do Break? Um atacante que faz gols, mas que precisa de volume de jogo. Ou seja, muitas situações criadas para balançar as redes uma ou duas vezes. Nicolas Careca? Será importante para jogos com o perfil do confronto com o Corinthians. Mas não é protagonista. Assim como Maxwell, Yago, Lucas Venuto (alias, onde está?), Yago, Ronald. Então, qual foi a falha? O executivo não encontrou um substituto para Bruno Sávio. Ou seja, um atacante veloz, até com algumas limitações, mas que tinha intimidade com as redes. Ou seja, ele conseguia compensar a ineficiência dos companheiros.

 Resumo da Ópera: treinar o Guarani é uma missão complexa e espinhosa. As escolhas de Michel Alves deixou a tarefa um pouco mais díficil.

(Elias Aredes Junior-Foto de Thomaz Marostegan-Guarani F. C)