Guarani: vitória e a aparição de uma luz no fim do túnel

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O Guarani venceu. E venceu da maneira que deveria ser: chorado, sofrido, com erros e falhas. Os três pontos recolocam o Guarani no campeonato. Não, o time não saiu da zona de rebaixamento. Longe disso. O essencial foi abrir um horizonte de esperança que algo novo e bonito poderá acontecer até novembro. São dois pontos de diferença para o primeiro time fora da zona de rebaixamento. Uma sequência de duas ou três vitórias poderá transformar o impossivel em realidade.

Este jornalista já escreveu por diversas vezes que não era a hora de jogar a toalha. Não existia motivo para que o torcedor do Guarani pudesse se sentir dentro da Série C de 2023. Sofrimento antecipado é pecado mortal. E os 90 minutos contra o Náutico deram novos elementos para que a torcida do Alviverde possa sonhar com pelo menos o 16º lugar.

O primeiro motivo de otimismo é a postura dos jogadores. Mudou. Para melhor. Desde o jogo contra o Criciuma, os jogadores correm, lutam, batalham e jogam com um sentimento de que agora eles tem plena noção de que é preciso tirar o time da zona do rebaixamento.

Ótima noticia. Anteriormente, existia dedicação, mas os discursos e o comportamento pareciam de um time conformado com seu destino.

Lembram de Leandro Vilela após a derrota contra o Grêmio?

Pois é.

A torcida e a cronica esportiva sabem que o time é limitado. O desejo é apenas que apareça no gramado um foco diferente, um enfoque de quem encara cada partida como se fosse de vida ou morte. Isso apareceu.

Uma centelha de esperança surgiu com os novos reforços.

Até agora, todos de uma forma ou de outra acrescentaram ao elenco. Jamerson surpreendentemente fez com que todos se esquecessem de Matheus Pereira, agora no futebol do exterior.

No meio-campo, mesmo com seus altos e baixos, Richard Rios provou que pode proporcionar algo que vinha com escassez no Brinco de Ouro: um volante que saiba passar a bola. Isaque ainda não encheu os olhos? Concordo. Mas ele jamais demonstrou falta de vontade, mesmo com seus altos e baixos na parte física.

E Jenison? Bem, deu passe para Madison marcar o gol anulado contra o Criciúma e fez o gol da vitória diante do Timbu. É pouco para quem já viveu com Luisão, Evair ou Careca mas é muito para quem no passado precisava relativizar as limitações técnicas de Lucão do Break.

Vai marcar gols até a ultima rodada? Não sei. Mas dá para dizer com toda a razão que a qualidade técnica é outra. É um alento.

Assim como é um balsamo de alivio checar a recuperar do goleiro Mauricioi Koslinski.

Após falhar contra o Grêmio, o goleiro bugrino comprovou que a melhor maneira de encarar o futebol é analisar os fatos na perspectiva de médio e longo prazo.

Veja: se após aquela derrota, a vontade de boa parte da torcida fosse saciada não teriamos o seu bom desempenho contra o Criciúma e a série de defesas históricas no minuto final do jogo contra o Criciuma. E que ninguém esqueça: mesmo com suas falhas, Mauricio Kozlinsk é infinitamente superior na parte técnica em relação aos seus antecessores Gabriel Mesquita e Rafael Martins.

E estes ingredientes desta receita inesperada, preparada para matar o fantasma do rebaixamento ganhou um sabor fundamental: a torcida.

Ela fez a diferença.

A promoção realizada pela diretoria, com a possibilidade de ingressos mais baratos e a presença de mais 800 torcedores dentro do estádio em virtude de ingressos doados fizeram com que algo diferenciado surgisse no horizonte. Foram 5.191 torcedores. Deveria ser mais? Concordo. Mas também é verdade que os grandes movimentos não explodem de uma hora para outra.

Reconhecido como principal movimento cívico da década de 1980, as Diretas Já foram iniciadas com um comício de poucas pessoas em Curitiba. Três meses depois, colocava mais de um milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú.

Dei esse exemplo para dizer algo simples:este movimento não pode parar. Ele precisa continuar e crescer até que 10 mil ou 11 mil bugrinos preencham as arquibancadas e empurrem a equipe para a salvação final.

Até o final da Série B, o Guarani vai enfrentar no Brinco de Ouro as equipes do Tombense, Sampaio Correa, Novorizontino, CRB, Londrina e Chapecoense. Serão 21 pontos em disputa. Uma boa somatória de pontos poderá fazer com que as partidas longe de Campinas produzam um fardo menor.

Impossível? O jogo de sábado comprovou que quando todos acreditam e buscam um único alvo nada está fora de alcance. É hora do Guarani acreditar. E fazer.

(Elias Aredes Junior- foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)