Angustia, desespero e esperança. Pode parecer loucura fazer uma interlocução entre sentimentos tão dispares, mas este coquetel de sentimentos está presente no torcedor do Guarani desde a derrota por 2 a 1 para o Vasco da Gama na quarta-feira.
Angustia porque o relógio passa de modo vertiginoso na frente do torcedor bugrino. Agora são 11 jogos para o encerramento da competição. Na prática, são nove jogos porque os confrontos diante do Cruzeiro e Bahia, na reta final da competição, são duas partidas em que o Alviverde vai para estes confrontos na condição de franco atirador. Ou seja, são nove jogos restantes. Serão 27 pontos alcancáveis. E o Guarani precisa ganhar 19 pontos para faturar nestas nove partidas restantes.
Se o destino colaborar e diminuir a nota de corte serão necessários 17 ou 18 pontos. Cá para nós: conquistar seis vitórias nas nove rodadas disputaveis é uma missão árdua. E angustiante. É claro e evidente que o Guarani paga o preço pelo planejamento errático e que gerou um primeiro turno horripilante. Sim, culpa do Conselho de Administração. Com a anuência e concordância do Conselho Deliberativo.
A angustia produz uma sequela, que é o desespero.
A bola não entra, as jogadas parece que não fluem e o destino parece ser a terceira divisão. O torcedor do Guarani está disposto a tudo e a todos pela sua camisa, mas não suporta a possibilidade de retornar ao calvário da terceira divisão, em que tem contabiliza seis participações. Quando venceu o ASA de Arapiraca no Brinco de Ouro por 3 a 0, o torcedor comemorou o acesso e todos pensavam que aquela edição de 2016 seria a última. Mas a incompetência dos homens fez o pesadelo renascer.
Entretanto, neste coquetel de sentimentos, a esperança insiste em permanecer.
Como? De que forma? Ora, basta assistir o jogo contra o Vasco da Gama para chegar a uma conclusão: o Guarani não jogou mal. Assim como não decepcionou no dérbi contra a Ponte Preta e parecia ter encontrado um caminho contra o Tombense.
Mesmo diante de um São Januário, o time treinado por Mozart não se intimidou. Pelo contrário. Criou, pressionou, girou a bola quando podia e usou dentro do possivel o seu potencial criativo. Percebe-se claramente que Jenison é uma ausência sentida. Não, Yuri Tanque não jogou uma partida ruim. Longe disso. Mas esse sistema hibrido criado pelo técnico Mozart, em que Alvarino vira um terceiro zagueiro e em outros é um lateral precisa de um atacante com mobilidade, que saiba criar espaços e fazer o time girar. Jenison certamente é esse jogador.
E um adendo: apesar dos riscos embutidos em relação a perda do poder de marcação, o meia Eduardo Person pede passagem. Não porque esteja com futebol de altissima qualidade, mas pelo fato de que suas caracteristicas deixam o time mais leve.
Não posso ser hipocrita e dizer que a esperança se sobressai sobre a angustia e o desespero na mente do torcedor. Os dias passam e a hipótese de rebaixamento parece palpável.
Como deixar a esperança na dianteira? Vencendo os jogos em casa. Sampaio Correa, Novorizontino, Londrina, CRB e Chapecoense serão recebidos no Brinco de Ouro e não podem receber a minima chance. Precisam ser derrotados. E é preciso encontrar uma maneira de pontuar fora de casa diante de Vila Nova, Operário, Ituano, CSA, Cruzeiro e Bahia.
Impossível? Pense que os deuses da bola estão de joelho, em suplicas pedindo uma reação do Guarani. Com tantos erros de planejamento e incompetência, o Guarani, após 27 jogos, ainda está a dois pontos do 16º colocado, o Brusque. E se vencer o Sampaio Correa e com uma combinação de resultados pode terminar a rodada fora da zona de rebaixamento.
O Guarani tem duas opções. A primeira é desistir e esperar pelo desfecho trágico. A outra é lutar, encontrar potencial onde não existir e terminar a Série B com 45 pontos. Serão 11 finais até o primeiro final de semana de novembro. Que no final seja levantado o troféu da permanência na Série B.
(Elias Aredes Junior- com foto de Daniel Ramalho- CR Vasco da Gama)