Tite o desafio de superar obstáculos e tabus na busca do hexa

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 Após idas e vindas e muitos testes, Tite e a Seleção Brasileira entram na reta final de preparação para a Copa do Mundo no Catar. Como o jejum de titulos já chegou aos 20 anos, existe no ar um otimismo sobre as possibilidades da Seleção Brasileira furar a bolha e conseguir chegar pelo menos às semifinais. 

O setor ofensivo ganhou um refresco com as presenças de Rodrigo, Antonny e Richarlison. Jogadores contundentes, técnicos, velocistas e que agora ganham a companhia de Pedro, que oferece um novo cenário a comissão técnica: a do jogador com boa visão de jogo e com capacidade de definir com um toque na bola. Mas acredito que irão se frustrar os torcedores que sonham com um time capaz de tomar a iniciativa de jogo e de empurrar o adversário contra o próprio campo. 

Acredito que o êxito do escrete canarinho passa pela admissão de suas virtudes e administração de seus defeitos. Basicamente é um time talhado para atuar no contra-ataque. E tais caracteristicas só vão aparecer na Copa. Não será amanhã contra a Tunísia.

Em primeiro lugar porque nos últimos quatro anos não foi desenvolvido e aprimorado nenhum jogador técnica, com boa visão de jogo. Capaz de promover uma virada de jogo ou de um lançamento de longa distância capaz de colocar o companheiro na cara do jogo. Pense em Paulo Henrique Ganso e saberá do que falo. 

A ausência de jogos contra Seleções européias produz um efeito nefasto, que é a ausência de parâmetro para buscar a excelência. A olho nu sabemos que o Brasil pode encontrar-se abaixo de França e Bélgica e que talvez tenha dificuldades contra Inglaterra e Espanha. Mas será que é isso mesmo? A Copa no Catar é uma viagem ao desconhecido.

Se conseguir chegar a final ou a conquista de título, Tite quebrará um tabu incômodo, que é a da segunda gestão de treinador de Seleção Brasil sempre terminar em fracasso.

Vicente Feola foi campeão em 1958 e foi eliminado na primeira fase da copa de 1966. Zagallo consagrou-se em 1970 e foi atropelado pela Holanda em 1974 e precisou se contentar com o quarto lugar. Telê Santana, ainda com as feridas abertas pela derrota para a Itália em 1982 amargurou a queda para a França em 1986 no México. 

Carlos Alberto Parreira tirou o Brasil de uma fila de 24 anos sem título na Copa dos Estados Unidos e amargou a eliminação para a França na Copa do Mundo da Alemanha em 2006. 

Luis Felipe Scolari formou a sua familia para ganhar a Copa de 2022 e no Mundial realizado no Brasil viu a sua carreira ficar marcada pelo 7 a 1 aplicado pela Alemanha e a derrota para a Holanda por 3 a 0. 

Formar um time estável e competitivo, quebrar tabus, chegar a final e conquistar o sexto titulo mundial. As tarefas colocadas nos ombros de Tite são imensas. Tomara que ele seja bem sucedido.

(Elias Aredes Junior- com foto de Lucas Figueiredo-CBF)