Mirassol e Botafogo estão na Série B de 2023. As duas equipes carimbaram as suas classificações após vencerem os seus jogos decisivos nos quadrangulares decisivos. Tais equipes paulistas se juntam a ABC e Vitória, que também asseguraram suas promoções.
O Mirassol confirmou a vaga ao vencer a Aparecidense por 2 a 1 , no domingo, no estádio José Maria de Campos Maia, em Mirassol e chegar aos 12 pontos, assegurando a liderança do Grupo B. Já o Botafogo-SP bateu o Volta Redonda atuando fora de casa por 2 a 1, no Raulino de Oliveira e ficou com a segunda colocação na chave, com dez pontos.
Qualquer adepto do futebol campineiro deveria olhar com lupa em relação ao que acontece na terceirona nacional.
Em primeiro lugar, olhar a trajetória dos concorrentes locais deve servir de lição para entender que a ultima coisa que pode passar pela cabeça de qualquer dirigente do futebol campineiro é flertar com o rebaixamento na Série B.
A Série C é uma competição cheia de armadilhas. Primeiramente por possuir uma primeira fase com 19 jogos e que sem a existencia do returno não dá para margem para recuperação.
Ou seja, não dá para fazer um primeiro turno dentro da zona do rebaixamento e depois buscar uma recuperação na fase derradeira. Sem contar o quadrangular decisivo, em que simplesmente anula qualquer boa campanha construída na primeira parte da competição.
Basta dizer que o Figueirense terminou na terceira colocação com 33 pontos e ficou no meio do caminho, assim como o Volta Redonda, que terminou as 19 rodadas rodadas na quarta colocação. Ou seja, não adiantou nada e eliminação no quadrangular decisivo ainda mais amargo.
A Ponte Preta escapou matematicamente enquanto que o Guarani inicia o seu processo de recuperação. Que o tormento vivido pelos concorrentes na terceirona nacional sirva de lição para que tal pesadelo não seja vivido nem nesse ano e nem no ano que vem.
A competição acende outro sinal de alerta. Guarani como Ponte Preta ficam isolados no cenário paulista em relação a estilo e método de gestão.
O Botafogo de Ribeirão é claramente um clube adepto da gestão empresarial.
Seus comandantes atuais não dão a minima pelota para as reclamações de torcida e protestos da imprensa.
Fazem aquilo que consideram como correto e pronto. Basta dizer que agora apostou em Paulo Baier, comandante que assumiu o clube fora do grupo de classificação e que empreendeu uma reação que lhe deixou em condições de brigar pelo acesso. Tem erros? Tem. Equivocos? Com certeza. Mas é profissionalismo na veia. Não existem os vícios e defeitos registrados nas associações sem fins lucrativos, modalidade inserida no futebol campineiro.
Do Mirassol nem precisamos dizer. Clube que se estruturou ao longo dos anos, conta com um Centro de Treinamento que os dois clubes de Campinas sequer podem pensar em contar e um planejamento meticuloso, em que cada passo é pensado e o profissional tem tudo para trabalhar.
Basta dizer que o Mirassol fracassou na campanha do acesso do ano passado e nem por isso trocou a Comissão Técnica. Eduardo Baptista só saiu por vontade própria e após receber uma proposta do Juventude.
E dois personagens demonstram de modo cabal como o Mirassol trilha o caminho correto e como isso deveria servir de reflexão.
Dentro de campo, o condutor foi o armador Camilo, que teve passagem apagada pela Ponte Preta. Ele decepcionou? Sim. Mas será que a explicação para a tamanha frustração está no fato de que a Macaca não tinha a infra-estrutura necessária para que ele estivesse em forma, algo que virou realidade em Mirassol? Pois é.
O que dizer então de Ricardo Catalá? No ano passado conquistou o acesso com o São Bernardo na Série A-2 do Campeonato Paulista e neste ano consegue a promoção com o Mirassol. No Guarani, sua trajetória foi decepcionante.
Mas será que ele é tão ruim assim?
Ou é o sistema de governança do Guarani que atrapalhou? Talvez a resposta esteja no fato de que nesta temporada Daniel Paulista, Marcelo Chamusca, Ben Hur Moreira e Mozart sentaram no banco de reservas. E tudo para conseguir a manutenção na Série B.
Após as promoções de divisão, fica a pergunta: o que farão Mirassol e Botafogo na temporada de 2023? Serão coadjuvantes, protagonistas ou gratas surpresas. Não dá para saber. Algo, no entanto, é certo. Já passou da hora de Guarani e Ponte Preta abandonaram seus dogmas focados no atraso. Ser exitoso hoje não quer dizer que a modernidade, as mente arejadas e as ideias diferenciadas devem ser deixadas de lado.
Mirassol e Botafogo comprovam por A mais B que o futuro do futebol já chegou. Quem não estiver sintonizado uma hora ou outra será atropelado.
(Elias Aredes Junior- Staff Images / CBF)