O caminho da glória foi encurtado. Não serão precisos atalhos. O sofrimento está próximo do fim. Tudo isso por causa de 45 minutos estupendos disputados pela Ponte Preta no último sábado. A Ponte Preta não deu sopa ao azar e venceu o XV de Piracicaba por 3 a 0. Já que o regulamento nunca ajudou, ela tratou de construir uma vantagem inquestionável em campo. Pode perder por até dois gols de diferença do XV de Piracicaba que, mesmo assim vai celebrar o acesso ao lado de seu povo.
Povo que não lhe abandonou nunca. Nem no sofrimento e no revés. Povo que está com o coração prestes a explodir de tamanha felicidade e orgulho.
Nação pontepretana que conta as horas para o próximo sábado. A bola vai rolar e a esperança é que patrimônio inquestionável seja confirmado. Associação Atlética Ponte Preta. Pronta para sorrir e abrir os braços para retomar o lugar que lhe é de direito.
Este otimismo exacerbado não é fruto do acaso. Foi construído pela Macaca em cada lance, gol e jogada na Série A-2 do Campeonato Paulista. Não é uma campanha pueril, artificial ou vazia. É algo forjado na luta e na superação.
Ao contrário do que muitos pensavam, a Macaca foi uma prima pobre durante a Série A-2. Punida pelo transferban por falta de pagamento para o técnico Eduardo Baptista e do zagueiro Nathan, só restou extrair o melhor potencial daqueles que já estavam no elenco desde a Série B do Campeonato Brasileiro e apostar em mais revelações das categorias de base.
O fato é que essa fórmula resultante de improviso e da história da Ponte Preta resolveu em números inabaláveis. Em 18 partidas, podemos dizer que apenas o jogo contra o Novorizontino a Macaca teve um rendimento decepcionante do começo ao fim. Nas outras partidas, pelo menos em algum trecho o talento dos atletas e o trabalho do técnico Hélio dos Anjos surgia para assegurar os três pontos.
Pegue o confronto de sábado em Piracicaba. Após um primeiro tempo de altos e baixos, o intervalo serviu para aflorar todo o repertório da Nega Véia e que não proporcionou nenhuma chance ao XV de Piracicaba. Que, aliás, até hoje, nunca venceu um jogo válido por semifinais e consequentemente pelo acesso.
Para completar o rol de boas noticias, o estádio Moisés Lucarelli receberá um publico espetacular no próximo sábado e capaz de montar uma atmosfera que fará qualquer póntepretano chorar de alegria.
Um roteiro completo para final feliz, concordam!? Considero natural a euforia, mas é preciso que a racionalidade entre em campo. Não com o objetivo de ser estraga prazer e sim para alertar as pequenas pedras que estão no curto caminho até o merecido.
Como diz a música “Divino Maravilhoso”, interpretado pela inesquecível Gal Costa, é preciso estar atento e forte. Mas não temos que temer a morte.
Sim, o XV de Piracicaba é inferior tecnicamente a Ponte Preta. Em conjuntura normal o confronto estaria decidido. Sim porque até as viradas em mata-mata, quando acontecem, precisa existir um requisito fundamental: que a vantagem tenha sido construído por um fruto do acaso e que os dois times sejam equivalentes na parte técnica.
Dou um exemplo: o Vasco só virou o placar na final da Copa Mercosul de 2000 depois de encontrar-se perdendo por 3 a 0, porque o time da Cruz de Malta era tão bom quanto o Palmeiras. Esta descrição não se encaixa no duelo entre Ponte Preta e XV de Piracicaba. A Macaca é melhor tecnicamente. Ponto final.
Ué, então onde está fundamentado o temor? Aliás, eu corrijo: não é temor e sim precaução. Primeiro porque não estamos falando de um jogo qualquer. Ponte Preta e XV de Piracicaba é um clássico regional com histórias, heróis, vilões e acontecimentos por vezes surpreendentes. Mas algumas situações surgem do acaso. Em outras, é possível evitar o dissaborn com concentração, dedicação e foco. Pela diferença técnica entre as duas equipes, o improvável fica praticamente descartado. Restante aquilo que é concedido. É isso que os jogadores pontepretanos precisam evitar.
Acredito que as tarefas para esta semana estão bem definidas. Aos jogadores, dirigentes e comissão técnica é salutar administrar a vantagem e tomar todas as providências para que nenhum detalhe escape e que o acesso seja celebrado a partir das 20h30 do próximo sábado. Quanto ao torcedor que ele festeje, celebre e exale a alegria de ser pontepretano. Ande de cabeça erguida. E sempre lembra que a Ponte Preta é um clube forjado na tenacidade, força e resistência do seu povo. Que merece viver dias melhores. E eles virão. Basta acreditar e viver. Cada segunda. A libertação está próxima.
(Elias Aredes Junior com foto de Marcos Ribolli- Especial para a Pontepress)