Ponte Preta, Série B à vista e a determinação de que ninguém seja endeusado

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A vida é uma Roda Viva. Dinâmica. Inexplicável. Um dia tudo está tranquilo. No dia seguinte tudo mudou. Para o bem ou para o mal. A história pode ser contada de muitas maneiras. Ou não. Nestes tempos de velocidade instantânea da informação, heróis e vilões são formados em questões de segundos. E a opinião pública, esta julgadora implacável, forma visões e narrativas do jeito que ela quer. Como quiser.

O que é mais incrível: sempre em cima de informações verdadeiras. Querem uma prova de como a Roda Viva do futebol muda nossa percepção dos fatos? Desde o último sábado, a torcida elegeu Hélio dos Anjos como seu novo herói. Pegou o time no ano passado, atravessou toda a temporada e levou o time até a divisão do futebol paulista.

Jogou um futebol bonito, vistoso, ofensivo e com variações. Isso é que muitos determinaram o que rolou no gramado. Tudo em cima de fatos.

Neste caminho, muitos fatos foram esquecidos. Esquecemos que Hélio dos Anjos foi contratado para tirar o time da zona do rebaixamento do Paulistão. E fracassou.

O time caiu. Inclusive com goleada para o Corinthians. Ao final do campeonato regional, muitos mas muitos torcedores pediam a saída de Hélio dos Anjos e a busca de um novo treinador. Pois o presidente Marco Antonio Eberlin não deu ouvidos e bancou a manutenção do treinador.

Que foi para a Série B prestigiado. E sejamos sinceros: este mesmo Hélio dos Anjos, no começo da Série B teve um rendimento preocupante, porque a Macaca ficou na zona do rebaixamento na segunda rodada e depois na décima rodada, e da 13ª a 16ª rodada para depois terminar na 14ª posição com 22 pontos.

No segundo turno, 27 pontos. Colocação final: 49 pontos. Dois pontos atrás do rival Guarani. Concordam que existiam elementos mais do que suficientes para demiti-lo?

Pois a Diretoria Executiva e o presidente foram na contramão e bancaram a manutenção. Foram além: renovaram o contrato de Hélio dos Anjos. Que depois teve o espaço para fazer o seu trabalho na Série A-2.

Qual o objetivo desta crônica? Descontruir Hélio dos Anjos? Rebaixá-lo a uma figura menor neste processo de conquista de título? Nada disso.

Pode parecer pueril ou sem sentido, mas o fato inequívoco é que erramos quando elegemos heróis e deuses no futebol. Nada é feito de maneira isolada. Não existe o pronome Eu e sim o Nós. Cada um tem o seu papel. E todos devem ser valorizados.

Se o time corre de maneira avassaladoura o mérito é do preparador físico Anderson Nicolau. Se a Macaca tem reservas motivados e que evoluem, o fruto ocorre por causa de Nene Santana e Ivo Secchi.

Se a Macaca consegue viabilizar gols e vitórias é porque os jogadores estão integrados ao sistema. Pense: se uma dessas não funciona bem, tudo vai por água abaixo. Ou seja, Hélio dos Anjos tem méritos inegáveis, mas sem um trabalho conjunto e respaldo da Diretoria Executiva nada disso teria acontecido.

Os verdadeiros heróis não estão no gramado, no banco de reservas e nem nos gabinetes. Heróis encontramos nas arquibancadas. A torcida, essa sim tem superpoderes que não reconhece. O dia que souber de sua força, a Macaca será quase imbatível. E não precisará endeusar mais ninguém.

(Elias Aredes Junior- com foto de Arquivo)