Guarani e os mistérios que ninguém explica. Quando serão esclarecidos?

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O Guarani é um mistério. Por vezes indecifrável. Atitudes e posturas que vão na contramão daquilo que se espera de uma gestão competente no futebol brasileiro. Veja como exemplo a entrevista coletiva para a apresentação do armador Régis.

Por um lado, teve  tudo aquilo que se espera quando aparece um jogador de alta qualidade técnica: torcedores que pedem selfie, perguntas por parte dos jornalistas, fotos do reforço com a carteirinha de sócio torcedor, assinatura do craque na camisa oficial do clube…Estava tudo lá. Puro suco de futebol brasileiro.

Eis que ao verificar as fotos tiradas do evento com o ex-jogador do Coritiba vejo na platéia Ricardo Moisés.

Por que o estranhamento?

Na semana passada, a ata referente a eleição realizada em março foi registrada em cartório e automaticamente o Novo Conselho de Administração tomou posse. Ou seja, Ricardo Moisés voltou para a planicie.

É mais um sócio com direitos e deveres como  prevê o estatuto. Mas tava lá na coletiva. Até pegou o microfone.

Pergunto: vocês já pensaram se todo o sócio resolvesse aparecer na entrevista coletiva e fizessem perguntas? Ou seja, o evento seria inviabilizado aos jornalistas. Em resumo: ele não deveria estar naquele local e conjuntura.

Algumas pessoas (no plural) que eu conversei ontem me disseram que Ricardo Moisés irá ocupar uma nova função. Não consegui apurar se para a área administrativa ou do futebol. De qualquer forma, temos um problema.

Quando ocorreu a reforma do estatuto do Guarani, a sua intenção era pulverizar as tarefas, descentralizar o poder e fazer com que estivesse mais antenado com as principais tendências de gestão do futebol mundial.

Por isso a existência do Conselho de Administração formado por sete pessoas, o Superintendente Executivo para cuidar e administrar os fatos do dia a dia e o Superintendente Executivo de Futebol para montar, planejar, administrar e tomar as principais decisões do Departamento de Futebol Profissional. Tudo está previsto no Estatuto.

Tanto os cargos como as funções. Sem contar o papel do Conselho Deliberativo que tem suas atribuições no artigo 53 do Estatuto. São 25 tarefas. Assim como a mesa diretora do Conselho tem sete funções definidas.

Se você verificar o documento com atenção verá que os artigos 70 a 79 definem as funções do Conselho Fiscal. Conselho de Administração? Os artigos 80 a 85 definem as tarefas, o conceito e os limites da instância administrativa do Guarani, cujo presidente deveria ter caráter simbolico.

E o estatuto é ainda mais minucioso em relação as superintendências. A parte executiva tem suas atribuiçõa descritas no artigo 90 enquanto que o artigo 91 fala que a gestão do futebol fica subordinada ao Conselho de Administratação.

Posteriormente, o documento detalha as tarefas. O artigo 95 fala do Superintendente Executivo e suas oito atividades. O Superintendente Executivo de Futebol tem suas cinco funções delineadas.

Ora, temos que ser sinceros. Se o estatuto define isso de maneira tão clara, caso Ricardo Moisés seja nomeado para algum cargo, seja na parte executiva ou do futebol, é evidente que um dos dois cargos será enfraquecido. 

Vou além: o Conselho Deliberativo será consultado caso alguma função seja criada? Este assunto pode se enquadrar em temas que não estão inseridos no estatuto. Se a resposta for positiva é evidente que o Conselho Deliberativo precisará convocar os seus integrantes.

Talvez tudo isso fosse melhor esclarecido e resolvido se os dirigentes tivessem maior disposição de comunicação.

Os integrantes do Departamento de Comunicação são competentes e eficientes. Mas podem ressuscitar o Armando Nogueira para ser assessor de imprensa do Guarani que não há jeito de consertar. Não existe disposição de diálogo.

Mesmo que não queira, Ricardo Moisés ao fazer esta atitude durante a entrevista coletiva mostrou sua disposição de sempre conduzir os processos. E nunca precisar encontrar-se no papel daquele que faz os esclarecimentos.

Independente das conclusões que cada um chega, algo não pode ser esquecido: o Guarani é de todos.

(Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)