Temas que ainda precisam ser abordados no Guarani. Infelizmente…

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Esta quarta-feira deveria ser o dia de comentarmos apenas sobre os desafios do Guarani diante da Chapecoense. Desafio duro, difícil. A equipe de Argel Fucks ainda está nas posições intermediárias da Serie B, mas as ambições são claras. Quer subir. Vencer é pressuposto básico para continuar na rota do acesso.

Pois é. Perceberam como temos assuntos para discorrer? Seria leviano, entretanto, se ignorasse os dramas e problemas vividos pelo torcedor do Guarani.

Torcedor este que foi excluído do direito de assistir ao vivo e em cores o dérbi 205. É a instituição da Torcida Única, que instala uma paz de cemitério nos arredores dos estádios e transforma Campinas em um barril de pólvora. Em todos os lugares.

Defendo de modo veemente que seja punido o CPF e nunca o CNPJ, ou seja, as Torcidas Organizadas. Porque punir as torcidas é criminalizar a pobreza. Ou distorcer o verdadeiro sentido do futebol.

Por que é este torcedor que muitas vezes encontra saídas criativas para não abandonar a sua equipe. Exemplo disso é o Corredor Verde, festa genuína promovida por torcedores bugrinos comuns e organizados em partidas decisivas. Nos dérbis disputados no Majestoso, é a saída encontrada para que os jogadores sintam o calor e o apoio daqueles que eles representam. Foi com essa intenção positiva que torcedores organizaram o evento na saída da delegação para o hotel no último domingo.

Tudo parecia no lugar. Existia euforia, extase, mas tudo dentro dos conformes, especialmente com relação aos Policiais Militares. Pena o esquecimento de um detalhe fundamental: o que esperar do comportamento dos seguranças contratados pelo clube? Ouvimos torcedores envolvidos no episódio e a história relatada é a seguinte: a primeira decisão dos seguranças contratados pelo clube foi a montar uma linha de contenção para que os jogadores pudessem passar com tranquilidade.

De modo voluntário, um grupo de torcedores executou uma segunda linha de contenção. Tudo para ajudar e evitar incidentes evitáveis. Tudo mudou quando um segurança entrou em discussão com um torcedor do Guarani, que foi agredido por este profissional, que queria continuar a briga, apesar dos apelos feitos pelos torcedores. Resultado: tumulto, empurra mas sem consequências mais graves. Apesar de que, existem relatos que circulam nas redes sobre a possibilidade de um segurança ter sacado uma arma. Uma lástima.

Independente disso, é preciso relembrar que os jogadores passaram na direção do ônibus, que partiu logo em seguida. A missão era de que os seguranças seguissem a delegação em uma Van. De acordo com os torcedores não foi isso que aconteceu. Os seguranças continuaram com a confusão e os torcedores partiram para outro embate e que provocou prejuízos. Condenável? Com certeza. Torcedores podem ter tomado uma atitude errada? Concordo.

Isso não exime o fato de que, os seguranças não agiram de acordo com o que manda um bom protocolo. Força física pode e deve sempre vir acompanhada de inteligência, ponderação e raciocínio para lidar e controlar multidões. Algo que faltou especialmente pelos vídeos veiculados da confusão nas redes.

Contada a história, fica a indagação: o que pensa o Conselho de Administração a respeito do episódio? Qual é a sua versão? Que orientações são repassadas aos seguranças? O que fazer para efetuar um tratamento digno ao principal patrimônio do clube, que é o seu torcedor? Vou além: qual o pensamento do CEO sobre o tema?

Se os torcedores estão incorretos, qual o motivo do silêncio dos dirigentes? Parece bobagem. Não é. Se um torcedor não se sente seguro para despedir-se de seus jogadores prestes a disputarem o clássico mais importante do interior de São Paulo, como evitar que esta insegurança seja transferida para os setores do estádio Brinco de Ouro? São questionamentos válidos.

Sempre bom lembrar que o Guarani é um clube de espirito comunitário. Ou seja, não tem dono único. A torcida é o seu proprietário e seu patrimônio. Não é adequado virar as costas para uma multidão de apaixonados só querem festejar o seu clube nunca ser vitima dele. Que a diretoria esclareça os fatos para que isso não ocorra nunca mais. E que passemos falar apenas daquilo que acontece no gramado. Local em que, por enquanto, o Guarani não envergonha a sua nação.

(Elias Aredes Junior-Foto-Divulgação)