Entrevista de Eberlin e a realidade nua e crua: sem eficiência no gramado, ninguém quer saber de mais nada!

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Quando eu era criança, a minha mãe, dona Ester Pompeo,  tinha uma amiga que sempre ajudava nas tarefas domésticas. Seu nome era Maria. Figuraça. Fala fácil, histórias na ponta da língua para fazer a gente rolar de rir e uma disposição inesgotável para o trabalho. 

Ao aparecer na nossa residência, ela queria começar a faxina pela sala. Ou pelos quartos. A dona Ester,, requisitava que o procedimento fosse diferente e que a limpeza fosse iniciada na cozinha e nos banheiros de casa. Era o mais urgente. Depois, as forças eram destinadas à sala e à varanda. 

Lembrei desta história com minha saudosa mãe ao verificar a reclamação do presidente da Ponte Preta,  Marco Antonio Eberlin, sobre o fato de que torcedores e imprensa só querem saber se a bola entrou ou não. Sobre a escalação. Não estão interessados em conhecer os problemas do clube, a situação das contas, os números deploráveis, entre outros buracos financeiros. 

Eberlin foi criado no mundo da bola. Certamente ele sabe que o torcedor liga para os entraves administrativos, de pagamento de contas sob uma condição: se a campanha no gramado for satisfatória. Caso contrário, os desmandos só serão esmiuçados em um único cenário: se ocorrer um rebaixamento. Neste contexto, os culpados são procurados. Como o que aconteceu no Internacional de Porto Alegre.

Após o rebaixamento no Brasileirão de 2016 ocorreu um estopim de denúncias iniciadas pela então oposição e que inviabilizaram politicamente o ex-presidente Vitório Piffero. Fora isso, não há como pedir que se faça algo. Por que, afinal, qual torcedor deixaria de acompanhar o drama de seu time na Série B para cobrar denúncias internas? Pouquíssimos adotariam tal postura. Em primeiro lugar, o instinto de sobrevivência. Ou seja, a luta contra o rebaixamento. 

Perguntar não ofende: se o quadro é delicado porque o Conselho Deliberativo, o órgão máximo do clube não se manifestou ou não tomou medidas cabíveis? Pois é. Eberlin faz um apelo aos jornalistas, mas a falta de iniciativa e de aceleração de medidas por parte da mesa do conselho não pode ser esquecido. 

Aprimorar o rendimento na Série B seria bom para todos. A torcida iria respirar aliviada e o dirigente poderia dar o tão sonhado holofote às contas do passado.  Fora deste rumo, não há o que fazer. Não dá para inverter a ordem das coisas no futebol.

(Elias Aredes Junior-com foto de arquivo Pontepress)