O Guarani tem um time. Dificilmente formará um elenco. Quem vai assumir a bronca?

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O Guarani tem um time. Parece encontrar-se longe de ter um elenco. Não sou eu quem diz isso. É o campo. A derrota para o Botafogo de Ribeirão por 1 a 0 exibiu um castelo de cartas. Um time sem opções, ou que só prefere atacar pelo lado esquerdo. Uma equipe que deliberadamente esqueceu de Bruno José no lado direito enquanto passava sufoco com a marcação sob pressão da equipe de Ribeirão Preto. Um futebol longe do ideal.

Sem Matheus Barbosa e Matheus Bueno, a equipe perdeu força de marcação, saída de bola e variação. Era com Bueno que o time mostrava balanço quando se dirigia ao campo ofensivo. Com Ivan Alvariño e Wenderson o time foi previsível, insosso e sem pegada.

Duro todo esse enredo é que os argumentos estão esgotados.

As desculpas não colam.

Culpa do técnico?

Ora, o treinador acabou de chegar e venceu duas seguidas no Brinco de Ouro.

Mais: esta inexistência de futebol por causa de desfalques também aconteceu com Bruno Pivetti. Ou seja, as debilidades existiam. Assim como não dá para culpar o Superintendente Executivo de Futebol, Lucas Drubscky. Como também não dava para colocar a vilania sobre Rodrigo Pastana.

Para explicar minha tese, eu vou retornar a minha infância. Em algumas oportunidades, minha falecida mãe, dona Ester, pedia para comprar alguns itens na feira localizada na rua Kokira no Jardim Amazonas. Fazia a lista e determinada quantia em dinheiro. Que no final da década de 1980 valia tanto quanto pó por causa da inflação galopante do Governo Sarney.

Com a lista em punha e sacola eu ia as compras. Anos depois a minha irmã. Lembro que no final de tarde, meu pai chegava do serviço e fazia muxoxo pelos poucos itens adquiridos. Certeira e rápida, minha mãe, com a voz mansa dizia: “Mas foi o que deu para comprar com o dinheiro que você deu”.

É isso. Hoje, torcedores bugrinos reclamam do técnico, do zagueiro botinudo, do executivo de futebol que não soube contratar…a fila de vilões não termina. E está errado?

Jogadores, treinadores e executivos de futebol apenas e tão somente fazem aquilo que é possível. Sejamos claros e cristalinos: um Conselho de Administração e um setor executivo que estabelece uma folha salarial de R$ 878 mil mensais para o departamento de futebol profissional acha mesmo que vai brigar pelo G4 em todas as rodadas?

Considera que pode abrir mão da sorte e do acaso para ficar entre os quatro primeiros colocados? Veja, Umberto Louzer e Bruno Pivetti já fizeram um primeiro turno muito superior ao do ano passado, que foi de time rebaixado.

Não sabemos os bastidores do Guarani.

Não temos conhecimento das tratativas.

Agora, se o atual técnico do Guarani reivindica reforços de qualidade está coberto de razão. Fazer muito com pouco é quem deseja brigar contra o rebaixamento.

A torcida do Guarani quer mais.

Quer voltar à primeira divisão. Sem qualidade nos 28 jogadores não há milagre que dê jeito. E tal providência é de responsabilidade do CEO Ricardo Moisés e dos sete componentes do Conselho de Administração. Se eles não pegarem o touro a unha e mudarem o patamar da equipe não há técnico ou jogador que dê jeito. Simples assim.

(Elias Aredes Junior com foto de Cleber Valera-Guarani F.C)