Ponte Preta e a dura verdade: acertos no varejo não escondem ou apagam os erros no atacado

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A Ponte Preta roda em circulos. Não avança. A melhoria ocorre a conta gotas. Aos poucos, a conformidade invade a alma do torcedor. As reclamações, decepções e frustrações são canalizadas em cima de pessoas. Errou quem imaginou que Pintado fosse o alvo da vez. Ele também recebe críticas, o que é um níquel perto da rejeição presente nas redes sociais em cima do nome de Marco Antonio Eberlin, o presidente da Diretoria Executiva.

Faço questão de fazer a separação. Nas torcidas organizadas, existe ainda a presença de uma dose a paciência e de apoio a espera de resultado. A semente desta paciência explica a divisão da torcida pontepretana: de lado as torcidas organizadas, que consideram as gestões anteriores muito piores do que a atual e que é preciso tempo para semear e colher. 

Você conversa com apoiadores de Eberlin e a explicação para o fracasso no futebol está na ponta da língua. Em conversas informais, eles admitem que o time realmente não é bem qualificado, mas é a consequência de um caixa reduzido e que foi gerado por intermédio de aplicação de penhoras de recursos, bloqueio de contas e medidas temerárias que foram geradas nas administrações anteriores. Ok, eu já questionei essas pessoas se existem provas cabais que viabilizem novos processos de investigação e consequente punição por parte do Conselho Deliberativo.

Por enquanto, o silêncio impera. Seria leviano dizer que nada existiu ou que foi registrado. Seria uma postura inconsequente. Só uma investigação pode responder. Mas também é verdadeiro apontar que denunciar, apontar e não encaminhar investigações no âmbito do Conselho Deliberativo e até do Ministério Público é ficar paralisado e não sair do lugar. É querer indiretamente requerer absolvição por problemas gerados por outros. Não rola.

E por que não rola? Porque todos reconhecemos as dificuldades financeiras e administrativas da Ponte Preta. Reconhecemos que é uma grande vitória obter o plano de pagamento junto a Justiça Trabalhista. Ninguém será louco de criticar revitalização do Majestoso, melhoria do entorno do estádio e todas as mudanças estruturais realizadas no clube. Ou apontar as reformas nos alojamentos, melhoria de relacionamento com as instituições de poder do futebol, entre outros pontos. 

Só que elogiar tais melhorias não podem provocar uma atitude submissa em relação ao que é feito no futebol profissional. Não pode ser uma obrigação aplaudir uma esquema tático voltado a enfase da defesa, que anota apenas 16 gols na Série B e colhe 11 empates em 27 rodadas. Melhorias estruturais não é passaporte para aplaudir o desempenho de jogadores acima do peso, atacantes limitados e um time que não inspira confiança na arquibancada.

Sim, isto já foi falado por diversas vezes.

É discurso batido.

Mas não custa repetir: independente dos problemas internos que tenha enfrentado durante o seu mandato, Hélio dos Anjos deixou boas recordações no torcedor pontepretano. Não somente pelas suas entrevistas coletivas ou pela postura espalhafatosa no gramado. O agrado ao torcedor era pela maneira que o time jogava, com marcação no campo do adversário e marcação de gols. Quando perdia a atitude principal: assumia a culpa.

Pedia desculpas ao torcedor. Fez campanha intermediária na Série B. Verdade total. O torcedor, no entanto, tinha orgulho. Com o quadro atual, a comparação é inevitável. Por que um time, com time limitado, tinha coragem, e outros dois treinadores, também com material escasso, têm um comportamento tão medroso? Pois é. 

Jornalistas sérios e independentes não podem torcer a favor ou contra a administração. Devem apenas e tão somente apontar as falhas e equívocos. E trabalhar para descobrir rumos e caminhos que apontem os caminhos da administração. Da minha parte, foi assim com Márcio Della Volpe, Vanderlei Pereira, José Armando Abdalla Junior e Sebastião Arcanjo. Será assim com a Diretoria Executiva comandada por Marco Antonio Eberlin. Que tem suas qualidades. Mas as suas ideias no Departamento de Futebol Profissionais não rendeu os frutos esperados pelo torcedor pontepretano, a razão de ser e de viver da Associação Atlética Ponte Preta.

Por enquanto, é uma administração que acerta no vareja e erra no atacado(futebol).

(Artigo escrito por Elias Aredes Junior)