Reforços, esperança e a ausência de nós, jornalistas esportivos, de esclarecer ao torcedor campineiro

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O mês de janeiro é de trabalho para jornalistas esportivos. Todos se embrenham em uma corrida frenética para anunciar as contratações e reforços. O futebol campineiro não é diferente. Páginas e profissionais são seguidos com a aurea de popstar´s. São seguidos, incensados e o perigo é muitas vezes é de se considerarem mais importantes que a notícia. O que seria um desastre.

Em Campinas, no entanto, este clima de mercado gera um desdobramento: a criação da ilusão de melhoria de patamar. Ou seja, com estes atletas é possível alcançar uma final de Campeonato Paulista ou um acesso de Série A do Brasileirão.

Não é caso de citar nome de A ou B, mas de citar algo primordial: a noticia precisa vir acompanhada da análise.

Sim, porque pouco adianta dizer se fulano vem de clube A ou B, se vai assinar contrato por determinado período, que determinada porcentagem ficará para Ponte Preta ou Guarani se tudo isso não vier de algo fundamental: o que ele pode fazer no clube? Qual o perfil do jogador? Representa uma mudança de degrau na escala do futebol ou é mais do mesmo?

Desculpe, mas isto não é tarefa apenas de comentarista.

Se somos jornalistas, também devemos nos posicionar e mostrar ao torcedor o que ele pode esperar daquele reforço. Ou qual mensagem que é emitida por intermédio daquela contratação. Se você não consegue descrever em detalhes o perfil do jogador, mas pelo menos pesquise aquilo que ele fez, por quais clubes passou e se há perspectiva de melhoria de produtividade.

Para que você não fique sem resposta aí vai: evidente que quero ser surpreendido e ver bugrinos e pontepretanos celebrando as melhores posições no Paulistão e na Série B.

Mas por enquanto (por enquanto!), a tendência é que a Ponte Preta tente fazer uma campanha sem sustos e ambição no Campeonato Paulista e de zona intermediária na Série B. Quanto ao Guarani, apesar dos nomes de melhor envergadura, não dá para esquecer que alguns vão desembarcar em baixa na carreira e que buscam um lugar ao sol.

Pode dar errado?

Nem tanto.

Régis, por exemplo, em sua primeira passagem, chegou nessas condições e virou ídolo. Repito: quero ser surpreendido. No entanto, o Guarani tem boas chances de ficar novamente no “quase”.

E se alcançar a decisão do Paulistão?

E se ficar entre os quatro primeiros? Ótimo. Espetacular.

Deve-se comemorar.

Muito. Só que não é algo que dê para se vislumbrar.

No futebol tudo é alterado em questão de segundos. Verdade. Mas é dever do jornalista mostrar ao torcedor o que devemos esperar diante das informações que temos em mãos. E nisso falhamos. Há muito tempo.

(Artigo escrito por Elias Aredes Junior- Foto arquivo CBF)