Gosto de Marcelo Fernandes. O técnico campeão da Série C pela Ponte Preta está longe de ser um ás do banco de reservas. Talvez o seu conhecimento tático esteja anos luz atrás de alguns medalhões reinantes no futebol brasileiro. Acredito que ás vezes ele nem tenha a leitura correta dos jogos e da dinâmica no gramado. Mas ele tem duas qualidades que não podem ser desprezadas: humildade e sabedoria.
Humildade ele demonstrou quando não fez mudanças drásticas no esquema do antecessor Alberto Valentim. Fez ajustes. Melhorou a eficiência do ataque, extraiu maior potencial de alguns jogadores e dividiu o êxito. Não chamou a glória para si. Em um futebol cada vez mais contaminado pela vaidade é algo que chama atenção.
Sabedoria é pela definição do dicionário ou de qualquer dispositivo de inteligência artificial é quem possui conhecimento, discernimento e bom senso, indo além da simples informação para compreender o que é bom e importante para o bem-estar, aplicando esse saber com prudência, ética e reflexão para tomar decisões justas e orientar a vida. Não se trata apenas de saber muito, mas de saber como usar esse conhecimento, distinguindo o essencial do trivial e calculando o impacto das ações.
Pense. Raciocine. Quando Marcelo Fernandes conduz um grupo com quatro meses de salários atrasados e ajuda a evitar qualquer tipo de revolta, isso é sabedoria. Ele soube utilizar a sua experiência no futebol em prol de um coletivo pressionado por resultados. Não é pouco.
Essas linhas podem perder o valor quando a bola rolar. O futebol é cruel, injusto, sem nexo ou coerência. Muitas vezes o resultado sorri até para quem não merece.
Mas o pouco demonstrado, Marcelo Fernandes exibe uma virtude que não pode ser desprezada: é humano. Isso não pode ser esquecido. Jamais.
(Elias Aredes Junior com foto de Marcos Ribolli-Pontepress)














