Um abecedário para explicar a crise política encarada por Sérgio Carnielli e seu grupo político na Ponte Preta

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Impossível ignorar a crise politica  na Ponte Preta. O presidente de honra, Sérgio Carnielli, desfruta com amargura um processo de fritura de credibilidade junto a torcedores comuns, torcidas organizadas e setores da imprensa especializada.

Para decifrar os fatores que levaram a tal estado depauperante, vamos utilizar o alfabeto e discutir os ingredientes deste caldeirão. Confira:

Animosidade com as arquibancadas- A Ponte Preta é clube de massa. Do povão. Nos últimos anos, a torcida encarou medidas insensatas, como o deslocamento das torcidas do setor central do Majestoso para um setor localizado atrás do gol. Começo da Era da discórdia.

Brasileirão- A cota de televisão para disputar o Brasileirão é de R$ 23 milhões. É pouco perto dos gigantes, mas nas edições de 2015 e 2016, o time falhou em jogos decisivos. O pote de mágoa aumentou.

Conselho Deliberativo- O que deveria ser um local de debates e cobrança às medidas da diretoria executiva transformou-se em algumas oportunidades em carimbador das medidas propostas pela direção do clube. Opositores relatam que suas indagações foram ignoradas, muitas vezes em nome da “paz institucional”.

Democracia Racial- Um time construído em cima da valorização do negro e das camadas populares tem hoje uma diretoria formada quase sem representantes da raça negra. Quadros como Tagino Alves dos Santos e Sebastião Arcanjo, que fizeram parte de administrações anteriores do próprio Sérgio Carnielli hoje encontram-se distantes.

Eulina- O Centro de Treinamento localizado às margens da Rodovia Anhanguera, hoje modernizado e reformado não é considerado somente um local de trabalho dos jogadores e sim um “bunker” para evitar protestos da torcida em instantes de crise.

Felipe Moreira – Recém-nomeado técnico da Macaca, o outrora auxiliar técnico tem grande rejeição da torcida. O desejo era por um profissional de maior peso no banco de reservas. Guto Ferreira, Gilson Kleina e Oswaldo Alvarez são sombras ao seu trabalho no Paulistão. Pior: poucas declarações de apoio ao trabalho do treinador são feitas pela direção do clube.

Giovanni Di Marzio- Dirigente oriundo das arquibancadas, apaixonado pela Macaca é considerado por vários torcedores uma decepção em virtude de que, na visão de alguns, não conseguir impor a visão da torcida na diretoria executiva.

Hélio Kazuo- Eleito vice-presidente para o atual mandato, dá pouquíssimas declarações e poucos sabem sua visão a respeito de futebol, apesar de encontrar-se  de auxiliar no departamento.

Incompetência nas negociações- Danilo Barcelos tinha quase tudo acertado com a Ponte Preta e assinou com o Atlético Mineiro; O presidente da Ponte Preta garantiu que William Pottker não sairia e no final está com um pé no Corinthians. Foi mais um fator de desencanto.

Janela para o exterior – Com a abertura dada pela Fifa, atletas como Felipe Azevedo e Rhayner arrumaram as malas e foram explorar o planeta Terra, enquanto a torcida mostrou-se inconformada com o enfraquecimento do elenco.

Know How- Pela definição do dicionário Houaiss, a palavra tem como definição “conhecimento de normas, métodos e procedimentos atividades profissionais ou pessoas que detém o saber prático”. Se os integrantes da atual diretoria são pontepretanos, vieram das arquibancadas e também sonham com a conquista do título, por que demonstram tamanha desconexão com a ambição de quem está do lado de fora e quer erguer uma taça? Será que os 20 anos do grupo político na Alvinegra serviu para pouca coisa? Aguardemos as respostas.

Leandrinho- O jogador vai render dividendos para a Ponte Preta? É verdade. Só que também é verdadeiro o fato de que o atleta passou meses e meses sem ser utilizado pela Macaca e a diretoria de futebol e os integrantes da diretoria executiva não fizeram cobranças sobre a Comissão Técnica da época, sob o comando de Guto Ferreira.

Márcio Della Volpe- Acusado formalmente pela diretoria executiva por irregularidades administrativas e excluído do clube, o ex-presidente é o principal líder oposicionista da atualidade. Galvaniza apreciadores pela sua ambição na Copa Sul-Americana de 2013.

Nunes- É um dos sobrenomes de André Carelli, sócio responsável pelo afastamento do então presidente Sérgio Carnielli por problemas no Balanço Financeiro. A decisão favorável da Justiça ao seu pleito abriu espaço para o baixo astral de Carnielli.

Oitavo Lugar- Foi a colocação da Ponte Preta no último Campeonato Brasileiro. Boa campanha? Sem dúvida. Só que no final, transformou-se em trunfo contra a própria diretoria, pois o time ficou a quatro pontos do Atlético-PR, último classificado à Copa Libertadores.

Paulistão- Para quem veste a camisa, é obrigação chegar a final e ganhar o título. No ano passado, o grupo político comandado por Carnielli sequer chegou as quartas de final e azedou o ambiente com a torcida. Neste ano será diferente? Aguardemos.

Quem vai frequentar a Unidade do Jardim das Paineiras?- A diretoria da Ponte Preta utiliza tal argumento para justificar a restrição de venda de títulos patrimoniais e o posterior aluguel para uma igreja evangélica. A torcida contesta e resolveu ir á luta para lutar pela manutenção do patrimônio.

Receituário para ser campeão – Jogadores de qualidade, técnico de renome e arquibancadas cheias nos jogos decisivos. Para a torcida pontepretana a atual diretoria não obedece aos requisitos. Parece não demonstrar disposição. A manutenção no Brasileirão está de bom tamanho.

Sul-Americana- Em 2015, uma eliminação para a Chapecoense. No ano passado, ao aplicar a goleada sobre o Figueirense, a Macaca abriu mão do torneio da Conmebol e centrou suas forças na Copa do Brasil, em que foi eliminada pelo Atlético Mineiro. As arquibancadas querem a Sul-Americana.

Tianjin Quanjian- Ùltimo clube de Luis Fabiano, sonho de consumo da diretoria e da torcida. A proposta inicial da Macaca não teria agradado ao jogador, que se desembarcar no Brasil poderá jogar no Vasco. Mas não se descarta uma reviravolta em virtude do aspecto sentimental que liga o jogador ao Majestoso.

Vaidade- Para diversos formadores de opinião, a Ponte Preta não tem a participação efetiva da torcida em suas decisões. Tudo gira em torno de uma única pessoa – Sérgio Carnielli- auxiliado pelo presidente de direito, Vanderlei Pereira e por alguns componentes da diretoria. A impressão é que a expressão “Eu fiz” impera.

Wendel- Apesar de necessário e bom jogador, o atleta representa o perfil de atleta que desembarcou no Majestoso nos últimos anos: de médio porte, para contratos de curto ou médio prazo e que no final sufocam revelações das categorias de base, como Marcos Coelho e Matheus Jesus.

Xeque-mate na diretoria? Se a vida fosse um jogo de xadrez, o cancelamento da reunião do Conselho Deliberativo na segunda-feira ameaçou pela primeira vez o rei do tabuleiro, Sérgio Carnielli. Terá que pedir a proteção de seus cavalos, torres e de outros componentes para não sucumbir de vez.

 Yes, You Can!- Assim como o mote de campanha que elegeu Barack Obama presidente dos Estados Unidos em 2008, os pontepretanos desejam um time que acredita em chegar longe e disputar títulos. Por enquanto, a sensação é de que está bom do atual jeito.

Ziguezagues- Uma hora o presidente Sérgio Carnielli e seus dirigentes deitam falação nos veículos de comunicação; Em outros momentos, entra em período sábatico e deixa dezenas de perguntas sem resposta. Não consegue explicar com regularidade as decisões administrativas que afetam a montagem do time. Durma-se com um barulhos desses…

(análise feita por Elias Aredes Junior)