O futebol pobre na parte tática poderá levar Felipe Moreira e a Ponte Preta para a semifinal do Paulistão. Saiba como

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A previsão que virá a seguir não tem uma linha sequer de ironia. Nada. É uma perspectiva daquilo que pode acontecer com a Ponte Preta no Campeonato Paulista. Simples e objetivo: apesar do trabalho de campo deficiente, não será nenhuma surpresa se Felipe Moreira conduzir o time às semifinais. Sim, é isso que você leu.

Basta um pouco de raciocínio. Na parte prática, a Alvinegra tem na atualidade dois jogadores com alto poder de definição: Lucca e William Pottker. Jogadores talentosos sob um sistema de jogo bem ajeitado poderiam render, mas superam as adversidades quando estão um esquema de jogo deficiente. Uma jogada individual, um rebote bem aproveitado e pimba: vitória na sacola.

A defesa pontepretana conta agora com um trio capaz de segurar as pontas e formada pelo goleiro Aranha e os zagueiros Marllon e Yago, superiores aos outrora titulares Kadu e Fábio Ferreira. Para completar, a proteção de Fernando Bob. Percebam: são valores individuais. Que poderiam formar um sistema de bons frutos e perenes se existissem triangulações pelos lados, jogadas ensaiadas de escanteio e de falta lateral, arrancadas do segundo volante no rumo do ataque, definição e posicionamento de um meio-campo compacto, entre outros atributos.

Existe um requisito que ajuda e muito Felipe Moreira a ultrapassar os obstáculos: a limitação dos oponentes. A Ponte Preta ganhou de Botafogo, Ferroviária e São Bernardo. O roteiro foi  o mesmo: um oponente bem armado, disciplinado e incapaz de incomodar pela limitação técnica de seus jogadores. Exemplo prático: diante do Bernô, a dificuldade da Ponte Preta em ultrapassar a divisória do meio-campo era notória. A marcação apertava e a perda de bola era inevitável. Dissabores não aconteceram porque os atletas treinados por Sérgio Vieira não davam continuidade. Limitação aos olhos vistos.

Os bons ventos devem permanecer  continuar até o final da fase inicial. São mais seis jogos: contra os gigantes Corinthians e Palmeiras e contra São Bento, Novorizontino, Ituano e Santo André. Os tradicionais times da capital paulista estão em fase de experimentação enquanto que os outros oponentes tem o mesmo receituário daqueles derrotados pela Alvinegra: bem arrumados no gramado e com poucos trunfos. Uma jogada individual bastará para fazer o placar. E perceba: fora os gigantes e a própria Ponte Preta, nenhum integrante da divisão de elite atua nas Séries A ou B do Brasileirão. Certamente o nível de exigência seria outro com a obrigação de cumprir um calendário mais pesado.

Como o Santos passa por uma fase turbulência, não será delírio pensá-lo fora da fase decisiva. A decisão seria contra o Mirassol e fora de casa. Qual o problema? Pelo contrário. Felipe Moreira jogaria na retranca e apostaria na bola salvadora. Tudo que ele quer. E tem jogadores para isso. Pronto. Semifinal vira realidade. Com individualidades e um futebol paupérrimo no aspecto tático. Receita suficiente para ultrapassar o próprio Cuiabá na Copa do Brasil.

Duro é quando aparecer os novos desafios. Este receituário será suficiente para ganhar do Gymnasia Y Esgrima pela Copa Sul-Americana? E o Campeonato Brasileiro? Com este futebol, a Alvinegra encararia os times milionários do Atlético Mineiro e do Flamengo, o aplicado e talentoso Fluminense, a força de conjunto do Grêmio, o novo Cruzeiro sob o comando de Mano Menezes? Arranca ponto? Fica longe do rebaixamento?

Felipe Moreira agarra-se aos números. Sim, são bons. Mas os de Alexandre Gallo também eram. Ou alguém pode achar ruim aproveitamento de 64%? A diretoria da Ponte Preta e o próprio treinador deveriam pensar que existirá uma hora que nem os números vão segurar a realidade. Que acorde enquanto é tempo.

(análise feita por Elias Aredes Junior)