O Guarani e o garrote involuntário em ideias contrárias. Até quando?

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Não vou entrar no mérito se está certo ou errado. Cada um faz o devido juízo. O fato é que a Comissão eleitoral do Guarani decidiu anular a nomeação de um dos integrantes da Chapa da situação e concedeu 48 horas para trocar os nomes.

Em contrapartida, os integrantes da oposição tiveram nomes de apoio impugnados e não tiveram sequer o tempo de respirar. Anulados sumariamente.

A comissão eleitoral afirma que candidato é uma situação e apoio e outra. Afirma encontrar-se amparado no estatuto. Bem, leigo como sou dei uma conferida no documento. Eis que no capitulo sobre eleições está o seguinte artigo.

Para ser mais específico o parágrafo quinto do artigo 120: “Havendo a identificação de qualquer irregularidade de caráter formal e sanável nas chapas registradas, a Comissão Eleitoral notificará o representante da chapa para que, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas”. No fundo, no fundo, o artigo mais confunde do que esclarece.

Na segunda-feira, as contas do Guarani foram analisadas. Aprovadas. Com 126 votos favoráveis e 24 contrários. Oposição mínima, diminuta.

Este é o ponto. O Guarani deseja entrar em um círculo perigoso, cuja característica principal parece (parece!) ser o sufocamento de atuação de grupos oposicionistas. Ou dá para considerar normal um clube que há cinco anos tinha 1,1 mil sócios e hoje tem 509, sendo que a maioria dos desertores são de pessoas que não concordam com os atuais rumos do clube? Pois é.

Perceba: nos últimos dois ou três anos, a mídia foi invadida apenas pela palavra de Horley Senna e quiça por vezes de Palmeron Mendes Filho.

E o contraponto?

E a apuração de defeitos? Não existiram problemas? Queira ou não, ao colocar na testa a alcunha de que quem poderia apontar falhas “jogava contra”, a atual direção empobreceu o debate no Guarani. Faltam ideias, sobram vaidades.

Concluo que este é um problema de funcionamento do próprio Guarani, pois desde a saída de Leonel Martins de Oliveira – que diga-se com justiça, deu total liberdade de ação a oposição no Conselho e no clube – Marcelo Mingone, Álvaro Negrão e os atuais dirigentes mostram uma dificuldade crônica de lidar com críticas e a disputa política. Ou seja, posso imaginar que o vírus da falta de espaço seja acometido pela atual oposição se tomar o poder.

Independente de quem seja o vencedor da eleição marcada para o dia 15 de março, os concorrentes precisam entender que não basta ao Guarani ter uma nova arena, Centro de Treinamento, jogadores de qualidade e times competitivos. É preciso que todos entendam o real sentido da palavra democracia, que exige a atuação dinâmica e forte da oposição. Seja quem for.

(análise feita por Elias Aredes Junior)