Antes de qualquer coisa gostaria de dizer que sou defensor sim da modernização, globalização e inovação em todos aspectos da vida. Não dá pra viver como se estivéssemos em 1964 e no futebol não é diferente. Mas, no processo de padronização do futebol atual criou-se uma figura que não comungo: técnicos engravatados.
Independente se será efetivado ou não, João Brigatti trouxe à tona uma discussão que se iniciou com Renato Gaúcho no ano passado: como deve ser o comportamento de um técnico. O treinador pós-moderno são vistos como aqueles estudiosos que usam terno e fazem do futebol um processo matemático tornando-se são imunes a erros.
É proibido ter mania, cometer exagero, usar crenças e fugir da frieza que o futebol tem se tornado.
Brigatti se mostrou um ponto fora da curva. Vibra em lateral, bate no escudo, chora, cai no chão, berra, se desequilibra e quando vence age como um jogador em atividade. Mas, por levar o sentimentalismo ao campo, conseguiu fazer um time limitado tecnicamente se organizar na base da vontade e dedicação.
Levou a torcida pro lado da Ponte Preta apesar dos erros condenáveis da diretoria.
Brigatti é imune ao óbvio. Ele assume a responsabilidade, paga pela sinceridade, não dá a mínima para as regras da imprensa e não esconde seus sentimentos. Mas isso tem um preço. Porque na modernização fugir do padrão é fugir da imunidade as críticas.
Eu efetivaria? Não. Um gênio da tática? Não, obviamente. Mas, se tornou o elo que liga as arquibancadas ao time. E isso na Ponte Preta não acontece há muito tempo. Brigatti é a melhor escolha que um clube pode fazer se acreditar que o futebol é mais que um jogo. E eu acredito nisso.
Por mais técnicos como ele. Vamos ser mais Brigatti e menos haters.
(análise de Júlio Nascimento)