Ninguém recusa a análise da evolução da Ponte Preta na vitória sobre o Corinthians. Fato. Uma equipe interessada, compactada em muitos momentos e até com algumas jogadas pelos lados. Se compararmos com o ocupante anterior do banco de reservas, é lógico que é motivo para celebrar. Saiu-se de uma casa destruída e sem alicerce para um local com paredes erguidas e o prestes a finalizar. Mas está muito longe daquilo que pretende para o restante da temporada.
Reafirmo: para o Campeonato Paulista este futebol atual é suficiente até para sonhar com a decisão. A competição é paupérrima do ponto de vista técnico, as equipes do interior têm poucos valores individuais e as equipes gigantes encontram-se em processo de reconstrução.
Apesar disso, a pobreza técnica é gritante. O Santos, com jogadores reservas, golear o São Bernardo dá bem a medida do atual quadro.
Não há motivo para regozijo. Campeonato Brasileiro é coisa séria. Não dá para brincar. E algumas falhas checadas se não sanadas a colheita daqui alguns meses será amarga.
Exemplo prático: Ravanelli teve boa partida do ponto de vista técnica e por muitas vezes ficou ao lado de Clayson, Pottker e Luca. Um clássico 4-2-4. Contra um Corinthians que por muitas vezes atua no erro do adversário é algo que dá para administrar; e quando chegar no Brasileirão, quando a marca dos adversários são setores de meio-campo com quatro, cinco jogadores? O que fazer? Especialmente quando os volantes reservas são Naldo e Jadson, limitados no passe curto. Tragédia a vista.
Mais: a fórmula não deu certo em boa parte do tempo, mas o técnico Fábio Carille ao marcar forte Nino Paraíba nos 15 minutos iniciais já deu a trilha para descobrir a criptonita pontepretana: com Nino cercado e com dificuldade para sair ao ataque, a alvinegra tem extrema dificuldade de começar as jogadas de ataque. Jeferson é um atleta mais focado na marcação e Artur ainda precisa comprovar no Brasileirão sua validade. Por enquanto, as lesões atrapalham sua trajetória.
Outra: a Macaca deveria pensar desde já em arquitetar um esquema de contra-ataque e de sistema defensivo capaz de vencer e dificultar os jogos contra os gigantes a partir de maio. Mais: o que fazer após a saída de William Pottker para o Beira-Rio? Lucca é segundo atacante e Clayson basicamente é um jogador de velocidade pelos lados. Não é artilheiro. Ou seja, existirá a necessidade de contratar. A Ponte Preta tem bala na agulha? Melhor seria a diretoria promover garotos oriundos da categoria de base, como Yuri, e bancar o seu desenvolvimento. Custe o que custar.
Brigatti é capacitado para a missão? Se existisse um pensamento uníssono na diretoria pontepretana sobre uma filosofia clara de futebol, a resposta seria bem mais fácil de ser respondida. Porém, se for efetivado, o goleiro que fique avisado: seu alicerce é tão firme quanto uma taça de gelatina fora da geladeira.
(análise feita por Elias Aredes Junior)