Guarani: viver um mundo de faz de conta ou encarar a realidade? A escolha é sua!

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O torcedor bugrino está chateado. Triste. Decepcionado. Novo ano na Série A-2. Uma eliminação doída porque a equipe começou a rodada derradeira na zona de classificação. Quando a bola rolou, a missão seria indigesta pelo estado precário do gramado. Dificil impor técnica em piso ruim. Agora, o jeito é se preparar para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Tal revés não impede de se abrir as portas das oportunidades. De trabalhar em cima de questões espinhosas, dolorosas e que precisam de tratamento. Uma delas é que uma parte (repito: uma parte!) da torcida do Guarani precisa amadurecer.

O clube é centenário. História gloriosa e destemida. Campeão Brasileiro de 1978, vencedor da Taça de Prata de 1981 e duas vezes vice-campeão nacional. Quarto lugar na Copa Libertadores de 1979. Nenhum clube do interior do Brasil tem passado tão robusto. E dificilmente terá diante da disparidade econômica do futebol brasileiro.

Tal quadro, no entanto, impede que alguns torcedores vislumbrem a situação como ela é. O Guarani tem sua história intacta, mas enquanto clube diminuiu de patamar. Sofre para sobreviver. Seu Centro de Treinamento é defasado em relação a times médios (!) do futebol nacional como Criciúma ou Ceará. O estádio, apesar de pujante, carece de melhorias. E os dirigentes? Ah, esses são um capitulo à parte.

Luiz Roberto Zini, Leonel Martins de Oliveira, Marcelo Mingone, Álvaro Negrão e Horley Senna. Nomes com projetos individuais. Que não formaram quadros para o departamento de futebol. Tanta confusão, incompetência e incoerência não poderia gerar outro resultado senão seguidos rebaixamentos e acessos gerados muito mais por talentos individuais dispersos na gestão do que por um trabalho com começo, meio e fim.

Nesta atual Série A-2 não foi diferente. O Guarani ficou perto da classificação graças ao poder motivacional do técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão. As falhas de planejamento na montagem da equipe são notórias. Ou dá para aceitar um lateral-esquerdo como Gilton, zagueiro irregular como Diego Jussani ou meia armador limitado como Uéderson? Pois é.

Você saca do bolso o argumento da falta de recursos. Neste instante relembro o rompimento de Horley Senna com Roberto Graziano e vejo que nada é por acaso. Enquanto isso, Ney da Matta é contratado só com o respaldo de Horley Senna e com a desconfiança do departamento de futebol; o quadro é invertido com Maurício Barbieri. Vadão chegou, uniu a todos, mas o campeonato no domingo à tarde mandou dizer ao Guarani: tarde demais.

Tem torcedor do Guarani que ignora tantas lambanças e passa meses e meses cobrando que a imprensa local não aponte erros. Coloque os equívocos para debaixo do tapete é a ordem. Que todos abracem um jornalismo chapa branca e inconsequente.

Ou que trate futebol como entretenimento, sem possibilidade de consequências drásticas geradas a partir dos bastidores. O que vale é transmitir um mundo de faz de conta. Apesar da ladeira e do precipício atuarem como imã pronto para cobrar sua fatura. Observação: graças a Deus não vivo tal realidade nem na rádio Central e neste portal.

Não é hora de amadurecer? Não chegou o momento de cobrar e exigir tanto dos dirigentes quanto do próprio Roberto Graziano um cronograma factível para deixar o Guarani no patamar que ele merece? Não é hora de admitir que é uma vergonha um clube como o Guarani contar com 500 sócios patrimoniais e um programa de sócio torcedor com 2187 participantes? Ninguém vai mexer? Vai ficar elas por elas?

Ou uma parte da torcida bugrina continuará com síndrome de Poliana e achar que está tudo certo? Vai negar a realidade e perseguir profissionais de imprensa que tratam a instituição com o zelo e determinados a praticarem o bom jornalismo? A escolha é sua. E não esqueça: quem pagará a conta é o próprio Guarani.

(análise feita por Elias Aredes Junior)