Análise: o Brasil não conhece a Ponte Preta. Engolir o sucesso da Macaca é a única saída!

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O jogador Felipe Melo, da SE Palmeiras, disputa bola com o jogador Pottker, da AA Ponte Preta, durante partida de volta, válida pela semi final, do Campeonato Paulista, Série A1, na Arena Allianz Parque.

Por ser um país continental, o Brasil deveria ter uma cobertura ampla dos seus times de futebol. Conhecer sua história, características, jogadores, ídolos e forma de atuar. Se o Campeonato Paulista é a competição regional de maior projeção, a conclusão lógica é que a Ponte Preta, uma das finalistas, deveria ser de amplo conhecimento da opinião pública. Ledo engano.

Apesar da oitava colocação no Brasileirão do ano passado e a participação na atual decisão, confesso meu espanto pela ignorância e falta de profundidade em relação aos atletas sob o comando do técnico Gilson Kleina.

Dou  exemplo prático. Na madrugada de quarta-feira estava na sintonia de uma rádio do Rio Grande do Sul e o assunto era a reformulação do Internacional para a Série B do Campeonato Brasileiro e a chegada de Marcelo Cirino durante a semana de decisão contra o Novo Hamburgo.

Ato contínuo, os jornalistas e ouvintes que participavam nas redes sociais traçaram estratégias que poderiam ser aplicadas pelo técnico Antonio Carlos Zago. E na concepção deles, o atacante William Pottker tinha a chance de render mais na faixa central do gramado, sem cair pelos lados.

Um absurdoo tamanho do equívoco. Eles discutiam de modo equivocado sobre um jogador que ganhou projeção no ano passado, seja pelo Linense e sendo artilheiro da Macaca no Campeonato Brasileiro. Nunca o melhor rendimento de Pottker foi sendo um clássico centroavante ou atuando pela faixa central. Qualquer um sabe que suas principais características são a força e a velocidade pelo lado direito, com capacidade para suplantar o lateral-esquerdo adversário. Ou quando pega a bola isolada e puxa o contra-ataque para ficar mano a mano com o goleiro. Jamais para trabalhar a bola com o pivô ou dominá-la para fazer tabelas. Pode até fazer, mas não é o forte. Longe disso.

Imagino por um instante: se jornalistas e torcedores de outros estados não descrevem com exatidão o posicionamento ideal do principal jogador da Ponte Preta, o que aconteceria com os outros atletas? É um descalabro afirmar tal conceito, mas o Brasil não conhece a Ponte Preta. Não tem percepção adequada de um participante da divisão de elite do futebol brasileiro desde 2015. Tem ignorância sobre uma agremiação capaz de revelar gente do naipe dos zagueiros Pablo e Cleber, do atacante Biro Biro, do centroavante Roger e responsável por alavancar a carreira de profissionais como Gilson Kleina e Guto Ferreira.

Caso levante a taça na Arena Itaquera, no dia 07 de maio, a Macaca além de fazer história poderá mirar seus olhos serenos aos “donos” do futebol brasileiro, parafrasear Zagallo e gritar em alto e bom som: “Vocês vão ter que me engolir!”.

(análise feita por Elias Aredes Junior)