Não existe nada mais libertador do que a verdade. Ela esclarece, nos dá paz e dá noção exata de pontos negativos e positivos de determinadas pessoas e situações. Abre uma estrada segura ao futuro. Estamos na quarta-feira e o torcedor da Ponte Preta ainda vive um momento de luto. Perder de 3 a 0 em seus domínios para o Corinthians não estava na programação. De modo coerente, muitos não perdem a esperança e apostam todas suas fichas em uma reviravolta na Arena Itaquera. É natural é até obrigatório ostentar tal sentimento. Torcer é antes de tudo um ato de fé. A arquibancada jogar a toalha seria um tiro no pé. Só que tal postura deve ser feita com consciência.
Nos últimos dias, as mais diversas explicações foram encaminhadas. Internautas, ouvintes ou torcedores montaram as mais diversas teorias: “o time amarelou”, “o jogo foi comprado”, “fulano e ciclano são vendidos”, etc, etc, etc.
Que tal partirmos de bases sólidas e coerentes e chegarmos a uma conclusão simples e direta: o Corinthians foi melhor. Armou o esquema tático mais eficiente. Anulou os pontos fortes da Ponte Preta. Minimizou os seus defeitos. Encontrou soluções melhores do que a concorrência. Fábio Carille estudou as atuações da Macaca contra Santos e Palmeiras e tentou se prevenir para o que pior não lhe acontecesse. Ponto. Simples assim.
Do outro lado, a Macaca armou uma equipe fora de seus padrões, com uma flutuação defensiva em que Reinaldo era terceiro zagueiro e Yago na sobra tudo para minimizar possíveis limitações de Fábio Ferreira. Não deu certo. O time ficou inseguro, confuso e alguns jogaram abaixo do normal. Mas isso não quer dizer falta de empenho, amarelar ou fugir da raia. Não aconteceu.São seres humanos e não máquinas programadas.
Se aceitarmos teorias da conspiração ou muletas emocionais para explicar os três gols sofridos no Majestoso também vamos esquecer de pontos didáticos. Um deles: Renato Cajá, contratado para incrementar o meio-campo na reta final do Paulistão (lembram?) está fora de forma, lento, sem explosão e inadequado para um desafio do porte da final do Paulistão. Sem armador, o cobertor fica curto. As opções ofensivas ficam limitadas. Por que qualquer torcedor admite que a Ponte Preta é um time de velocidade e de contra-ataque. E o técnico do Corinthians impediu que tal cenário viesse contra si. Mais: se os jogadores tivessem amarelado ou não tivessem demonstrado empenho, como explicar o estado de Clayson, lesionado e que correu correu e lutou até o último minuto?
Enumerei tais motivos para dizer o básico: sem encarar a verdade, a Macaca não terá como corrigir os seus erros, buscar fórmulas diferentes na semana de treinamentos e apresentar um futebol de qualidade no jogo decisivo na Arena Itaquera.
A hora não é para elucubrar ou arranjar muletas que nos confortem e sim arregaçar as mangas e trabalhar em cima daquilo que deu errado. Fora disso é escapismo. É fugir da verdade.
(análise feita por Elias Aredes Junior)