Ponte Preta tenta quebrar paradigma e aposta em mercado sul-americano

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Com dificuldades em encontrar jogadores no mercado nacional, a Ponte Preta definiu que analisar atletas estrangeiros será prioridade para reforçar o ataque do treinador Gilson Kleina. Países da América do Sul, em especial a Bolívia, estão no mapa de observação da Macaca. A direção pontepretana tenta quebrar o paradigma do insucesso dos estrangeiros no histórico recente do clube.

A escassez de bons valores ofensivos e questão financeira são os maiores empecilhos para que a Ponte ache uma alternativa boa no mercado interno. Grafite, do Atlético-PR, tem um salário que foge totalmente do padrão da política implementada pelo presidente Vanderlei Pereira. Nomes como André Lima, Kieza e Felipe Vizeu também não custam pouco e o mercado sul-americano surge como opção.

A diretoria negocia a contratação de dois atacantes: o nome do camisa 9 é mantido em sigilo. Alejandro Chumacero, do The Strongest, é avaliado. O atleta de 26 anos já passou pelo Sport e também negocia com o Goiás. A diretoria não confirma este nome. O executivo Gustavo Bueno confirmou à Rádio Bandeirantes que a Ponte está próxima de um boliviano de beirada. Trata-se de Luis Ali. Aos 24 anos, o atacante está em clube e tem passagens por Bolívar, San José de Oruru e Osasuna.

HISTÓRICO CONTRA
Ali terá que superar o histórico de fracasso com jogadores estrangeiros na Ponte Preta. O sucesso mais relevante foi de Dário Gigena que marcou 7 gols em 29 jogos – números contestáveis para um centroavante, mas o hatrick em um dos dérbis contra o Guarani eternizou o nome do jogador na história do clube. Há na história da Macaca atletas sul-americanos que jogaram pouco e outros que nem chegaram a atuar – o caso mais recente é de Martinuccio em 2016.

Na Era Carnielli, as apostas no mercado alternativo da América do Sul começaram em 2005 com o ex-gremista Julio Rodríguez. O meio-campista integrou o elenco da Seleção do Uruguai na Copa América de 2001 e chegou com status de titular no Moisés Lucarelli, mas não foi aproveitado no Paulistão e dispensado por Vadão. Na mesma época jogaram na Macaca outros dois estrangeiros. O meia mexicano Júlio César Pinheiro e o atacante Frontini – o argentino embalou cinco partidas como titular, mas optou por deixar o time para atuar no Santos.

A Macaca voltaria a apostar em dois argentinos depois de quatro anos da saída de Frontini e Pinheiro. A dupla argentina Gustavo Savóia e Juan Marchisio integraram o time campeão do interior diante do Barueri em 2009, mas pouco fizeram na campanha da Série B do mesmo ano. O meia Marchisio sofreu com lesões e foi rotulado como “jogador esforçado” pelo coordenador técnico da época, Wanderley Paiva. Savóia também não convenceu, marcou apenas 2 gols em 16 jogos e acabou sendo dispensado.

Em 2010 foi a vez de apostar no Chile. Os olheiros da equipe foram buscar no Palestino o meia Renato Gonzalez. Jogador criado nas categorias de base do Universidad de Chile, uma das equipes mais forte do país, e com uma convocação para a Seleção, também teve uma passagem decepcionante. Foi encostado após atuar em nove jogos na Série B daquela temporada. Mesmo sem o sucesso do chileno, o elenco de 2010 contava com Pablo Escobar. O boliviano foi titular em 21 jogos, marcou 3 gols e foi decisivo em bolas paradas. Em 2011, optou por deixar o clube para atuar no Botafogo-SP e depois retornou ao The Strongest – onde está até hoje.

O TRIO DE 2013
A Macaca novamente optou por apostar em elencos com atletas brasileiros e ficou três temporadas sem contar com estrangeiros no grupo. Mas, depois de duas temporadas a diretoria mudou de ideia. O presidente na época Márcio Della Volpe autorizou as contratações do lateral peruano Advíncula e do argentino Sarmiento. Os dois atletas foram criticados publicamente por Jorginho Campos por “falta de qualidade técnica”.

Quem mais contribuiu naquele elenco foi o meia Luiz Ramirez. Campeão brasileiro e da Libertadores com o Corinthians no ano anterior, marcou gol em dérbi e chegou a ter sequência como titular, mas pelo comportamento extracampo caiu de rendimento e foi dispensado do elenco pontepretano encerrando as passagens dos estrangeiros pela equipe.

(texto e reportagem: Júlio Nascimento)