Kleina e Gustavo Bueno erram aos borbotões. São os únicos culpados pela crise na Ponte Preta?

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Percorro as redes sociais e a palavra de ordem é unânime entre torcedores pontepretanos: Fora Gilson Kleina e Gustavo Bueno. O treinador perdeu credibilidade em virtude de erros de escalação, estilo de jogo precavido em excesso e derrotas inesperadas para Bahia e Atlético-GO, além do empate com o Avaí (SC).

Sobre o dirigente remunerado nem precisamos enumerar os equívocos nas contratações e condução do departamento de futebol profissional. Concordo que eles têm responsabilidade. Muita. Agora, quem ganha ao utilizarem os dois como os únicos bodes expiatórios?

Os atuais dirigentes da Ponte Preta alardeiam que o clube funciona como relógio suíço. Administração austera, contas em dia, estrutura azeitada. Tudo verdade. Mas alguém precisa avisar aos formuladores de tal conceito que Gilson Kleina e Gustavo Bueno são funcionários. São incumbidos de cumprirem ordens e metodologias que, se não são avalizadas pelo menos são autorizadas pela diretoria executiva. A saber: Vanderlei Pereira, Hélio Kazuo, Giovanni Di Marzio, Gustavo Valio, Giuliano Gerreiro, entre outros integrantes.

Queiramos ou não, eles têm o respaldo de algo inexistente tanto em Kleina como no filho do ex-jogador Dicá: o voto. Especialmente Vanderlei Pereira, o encabeçador da chapa. Ele e seus companheiros receberam a confiança dos associados e conselheiros para um mandato de um clube cujo foco principal é o futebol. Não é críquete, basquete, bocha, vôlei, surf ou esqui aquático. É o futebol.

Se os dois profissionais cometem erros, é de se concluir que são respaldados por aqueles que receberam o voto na urna. Observação: Sérgio Carnielli não pode ser excluído. Ele não recebeu voto, concordo, mas é presidente de honra, está afastado pela Justiça de exercer cargos no clube e sua influência dentro do grupo político que está no poder é evidente.

Qual a conclusão tirada desta reflexão? Demitir o treinador e o executivo parece algo natural diante do curso dos acontecimentos, mas na prática resolverá pouco se não acontecer uma alteração de metodologia e de visão de futebol dos próprios dirigentes estatutários. Em resumo: o problema não está somente em quem executa mas em quem formula a visão de futebol reinante na Ponte Preta.

Gilson Kleina tem limitações e toma decisões erradas. No entanto, o processo vivido por ele é o mesmo encarado por outros: a diretoria executiva aparece na contratação, deseja boa sorte e na primeira dificuldade ninguém surge para bancar a continuidade do trabalho.

Na sequência, o executivo de futebol sai desesperado para encarar os repórteres e um tempo depois o treinador é fritado, desligado, os dirigentes estatutários saem ilesos e o processo volta a estaca zero. Sem contar a perda de credibilidade do executivo remunerado junto a torcida, que fica insatisfeita. Pense: o rol de responsáveis não precisa ser ampliado? Fica a reflexão.

(análise feita por Elias Aredes Junior)