Nesta segunda-feira (17) este Só Dérbi publicou reportagem que incutiu otimismo nos torcedores bugrinos. Desde que a Série B passou a ser disputada por pontos corridos, em 2006, em apenas três oportunidades (Avaí-2006, Criciúma-2007 e Ceará-2014) o líder da 14ª rodada não deixou de obter o acesso. Nenhum ponteiro sentiu o gosto do rebaixamento.
Ou seja, as notícias são as melhores possíveis. A perspectiva provoca uma pergunta: o Guarani está preparado para disputar a divisão de elite? Tem condições de surgir no cenário nacional e andar com as próprias pernas? Ou tudo pode virar pesadelo?
A pergunta precisa ser respondida. Com sinceridade. Mesmo que custe a contrariedade de parte da torcida. Não seria louco de ignorar o peso histórico e a camisa do Guarani. Seus títulos em 1978 e em 1981 falam por si. Assim como a revelação de craques do porte de Renato, Careca, Amoroso, Luizão e Jonas. O Guarani é um participante ativo do futebol brasileiro. Tanto que tal requisito foi essencial na obtenção da subsede da Copa do Mundo em 2014 e a reforma do gramado do estádio Brinco de Ouro. Tal patrimônio no passado seria mais do que suficiente para entrar pela porta da frente na Série A.
Só que os tempos mudaram. Ficou no passado a fórmula de mata-mata, o calendário de 50 ou 45 jogos no ano e de poucas competições. Quem deseja penetrar no seleto pelotão nacional precisa saber que em longo prazo voltará a disputar Copa do Brasil ou até uma Sul-Americana. Calendário puxado, exaustivo. Algo que pede estrutura.
Infraestrutura que disponibilize centros de treinamento modernos, setor de fisiologia antenada com os principais locais do mundo e se possível (se possível!) um estádio capaz de oferecer conforto e fonte de arrecadação.
Aviso: não há garantia de estadia tranquila e confortável na divisão de elite. Bahia, Vitória, Atlético-PR e Coritiba não tem estruturas arcaicas e nem por isso deixam de passar sufoco. Por um motivo: a exigência técnica é enorme até para aqueles que estão bem preparados. Para quem não está, o fracasso é quase certo.
Torcedor bugrino, seja sincero: você considera que o clube em si está preparado para o desafio? Não adianta pensar apenas na atualidade. Adotar o discurso de que importa apenas desfrutar a felicidade atual e dane-se o resto. É fugir da responsabilidade. Se a realidade da segundona é diferente daquela encarada pelo Alviverde por quatro anos na Série C também é verdade que os desafios da Série B e A são bem distintos. Um acesso não é o fim e sim o começo de uma nova vida.
Ok, eu sei que você sacar o argumento do bolso: existe uma sentença judicial assinada pela juíza Ana Cláudia Torres Viana que obriga o empresário Roberto Graziano a construir um novo estádio, CT e sede social. Verdade. Só que não adianta ficar parado e aguardar os acontecimentos. É preciso agir.
Independente se vai conseguir ou não o acesso, a direção do Guarani precisa deixar a agremiação antenada com as necessidades. Buscar desde já estratégias que afastem o improviso. Se acontecer o acesso que não se dê motivo para acreditar na conquista como um acidente de percurso e sim como algo integrante de um processo de reconstrução.
(análise feita por Elias Aredes Junior)