Não tenho o goleiro Leandro Santos como um destaque bugrino em 2017. Fez boas partidas e alguns vacilos. Mas tem caráter, postura e determinação. Assim como o volante Baraka. Nos dois casos um fato paira no ar: a de que tudo depende da aprovação do técnico Fernando Diniz. Ele dará a palavra final.
O significado de tal atitude não é rasteira. Especialmente se levarmos em conta que o treinador bugrino faz parte de uma linhagem diferente do futebol brasileiro.
Tem um futebol de extrema movimentação, aguçado sentido tático e trabalho com a posse de bola. Gosta de times técnicos e valorização da posse de bola. Duro é constatar a inexistência de plano B. Ou seja, não há notícia que Fernando Diniz atue no 4-4-2, com três zagueiros clássicos ou volantes de contenção ou que planeje sua equipe para atuar com armadores clássicos e um atacante isolado. Ou abraça a sua tese ou é nada.
Esta é a pergunta que precisa ser feita. Até que ponto é salutar conceder carta branca e irrestrita para um técnico com uma característica tão peculiar?
Reitero: Fernando Diniz já deu provas de que é um técnico de excelência. Ótimo. Traz oxigênio a um futebol caduco e sem renovação.
O problema é que ele foi contratado pelo Guarani, clube em estado constante de ebulição e que entrará na próxima edição da Série A-2 com a obrigação de subir de divisão. Não pode adiar. Mais: a torcida exigirá boa campanha na Série B e montagem de um time competitivo. Sem contar a votação da proposta de terceirização do futebol e da ASA Alumínios marcado para o dia 08 de janeiro.
E qual o problema? De um lado, as comprovações de que Fernando Diniz é um técnico que gera frutos em médio e longo prazo. E o Guarani precisa de resultados para ontem. E que a própria diretoria já deu provas neste ano sobre a ausência de convicções sobre futebol.
Basta recordar a maneira como foi demitido o técnico Vadão e o discurso de Palmeron Mendes Filho após a goleada sofrida diante do Paraná de que sustentaria Marcelo Cabo até o final, algo desmanchado após a goleada diante do Oeste.
Se conseguir o acesso na série A-2, não tenho dúvida: Fernando Diniz fará história no Guarani, em termos de tempo e longevidade. Mas na atual conjuntura, apostar nele de olho fechado é um perigo para o treinador e o próprio clube.
(análise de Elias Aredes Junior)