Vamos montar um cenário realista na Ponte Preta. Sérgio Carnielli não tem mais a caneta. Não é mais presidente. Tem o titulo de presidente de honra, mas não tem interferência direta nas decisões. Tem o controle do Conselho Deliberativo? Tem. Repito: não manda de fato e direito.
A diretoria executiva dispõe de meandros e mecanismos definidos pelo estatuto do clube para movimentar-se e tirá-lo do atraso. Um novo Centro de Treinamento, uma forma de reformar o estádio ou construir a Arena, busca de novas formas de recursos, entre outros pontos. Mesmo assim, nada muda. Ninguém se mexe sem receber a aprovação de Carnielli. Fica a pergunta: por que as pessoas tem medo de Sérgio Carnielli? Qual o motivo que leva homens formados, com instrução a nutrirem pavor de alguém que na prática não detém o poder no Majestoso?
Veja que a última reunião do Conselho Deliberativo teve burburinho não por causa das decisões tomadas pelos componentes. Ou por causa de debates acalorados de diversas alas. Existiu controvérsia porque Carnielli discutiu com Gustavo Valio e posteriormente fez um pronunciamento com insinuação de criticas a administração de José Armando Abdalla Junior. Colocou o atual presidente na fogueira.
Ao invés de uma resposta forte e um posicionamento político altivo, o que vimos por parte de Abdalla foi um texto diplomático, com criticas sim, mas focado em uma tentativa de reconciliação. Reforço a pergunta: qual o motivo de tanto medo? Por que o pavor de criticar e apontar rumos diferentes daqueles que são apontados por Carnielli? Dizem que o medo paralisa. Verdade. Pois esse medo, esse pavor de uma possível reação furiosa de Carnielli faz com que todos fiquem cheios de dedos e o clube não avance.
Talvez o pavor e o receio tenha uma parte de sua explicação em Márcio Della Volpe. Esqueça por um instante as denúncias contra ele. Pense que ele ousou chutar tudo para cima, contestar a ordem de Carnielli e apostar tudo na conquista da Sul-Americana? Deu errado? Sim. No entanto, o fato de pensar pela sua própria cabeça colocou Della Volpe no rol dos desafetos. O que o clube ganhou com isso? Nada.
Para completar, o medo e o pavor de Sérgio Carnielli paralisa a todos: a imprensa que não critica, os torcedores que aceitam tudo que ele faz por não achar algo melhor e dos dirigentes por receio de verem sua trajetória política na Ponte Preta encerrada de modo prematuro.
Carnielli considera que estou errado? Que tome atitudes e pronuncie frases que mostrem o sentido contrário. Aceite a crítica, debata com altivez, promova a conciliação entre os divergentes e atua como conselheiro, como alguém que deseja ver a Macaca ir para frente. Enquanto ninguém tiver uma noção clara de tais conceitos, a impressão é que medo vai imperar nos corredores do Majestoso. Uma pena.
(análise feita por Elias Aredes Junior)