A Ponte Preta bajular poderosos é um erro crasso. Seja qual for a época ou orientação ideológica do presidente de plantão!

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Viver é um ato político. Escolhas são feitas todos os dias. Só que o poder de escolha tem que vir acompanhada de sabedoria. Acertar para acrescentar. Diminuir jamais. A  diretoria da Ponte Preta adquiriu um péssimo hábito:bajulação aos poderosos de plantão. Errou quando presenteou Luiz Inácio Lula da Silva com uma camisa oficial. Cometeu novo equivoco ao conceder um material esportivo ao atual presidente Jair Bolsonaro.

Por que errou? Os dirigentes da Ponte Preta não entenderam o conceito correto de atuação política, seja nos dois mandatos de Lula seja agora com Bolsonaro. A atuação política de um clube de futebol não se faz com mimos ao comandante de plantão do Planalto, seja qual for sua orientação ideológica. Primeiro porque passa uma impressão de que deseja algo em troca.

Além disso, traz para dentro do ambiente do clube a divisão existente no país, em que alguns são favoráveis ao presidente e outros são contrários. Divisão que gerou rompimento de amizades, parentescos e até históricos de depressão e síndrome do pânico em alguns. Vale a pena comprar essa briga?

Dou um testemunho: o Só Dérbi tem um grupo de Whatsapp para pontepretanos. Assim que a foto foi publicada no grupo, um espiral de reclamações e xingamentos surgiu no grupo. Até aquele momento só se falava em dérbi. Repito: o que ganha a Ponte Preta ao detonar uma discussão dessas de maneira involuntária na sua comunidade?

A atuação política de um clube de futebol deve ser feita de modo institucional, com posicionamentos claros em questões primordiais. Querem um exemplo? Atuação política da diretoria pontepretana seria a diretoria executiva contar com a presença de mulheres. Quer uma forma mais eficiente de mostrar-se contrária ao machismo? Hoje, é um clube do Bolinha. Sem contar materiais específicos para relembrar o dia de luta contra a discriminação racial (21 de março), Consciência Negra (20 de novembro) ou de posição favoravel a luta LGBT. Estas são demandas da sociedade e não de personalidades políticas.

A própria Ponte Preta sente no dia a dia os efeitos nefastos de personalizar pensamentos políticos. Ou alguém esqueceu que a derrocada política de Sérgio Carnielli começou quando atrelou o seu legado a personalidades políticas do campo progressista? Pois é.

Dos governos federal, estadual e municipal, seja quem for o ocupante, a Ponte Preta já faz aquilo que se espera: paga os impostos e cumpre suas obrigações. Uma dica? Mire-se no Bahia. Faça política em prol de melhoria da sociedade. Sem bajulação.

(Elias Aredes Junior)