O medo paralisa a Ponte Preta nesse momento. 2016 começou como uma panela de pressão dentro do clube. Nervos à flor da pele por parte da torcida, após um péssimo início no Campeonato Paulista, deixam a diretoria paralisada para tomar atitudes importantes como a escolha do novo treinador. Restando apenas dez rodadas para o término do Campeonato Paulista, a Ponte não pode se dar ao luxo de esperar por um treinador que agrade a gregos e troianos.
A torcida gostaria de ver uma volta de Abel Braga ao clube. Se não der Abelão, que seja Oswaldo de Oliveira, Levir Culpi… Mas a realidade parece ser outra. Mesmo que loucuras as vezes se façam necessárias, o caso de trazer um treinador por meio milhão de reais por mês seria um tiro no pé, levando em conta que o elenco carece de material humano para proveito desses treinadores.
Nomes que condizem com a realidade da Ponte Preta como Léo Condé e Wagner Lopes agradam quem comanda o futebol da Ponte, mas o medo da reação da torcida paralisa a todos. Em um campeonato de tiro curto, o quanto um nome como Wagner Lopes aguentaria perdendo uma fora contra o Audax e depois em casa para o São Paulo?
O momento exige que a Ponte aja rápido. A solução caseira Felipe Moreira não é a escolha ideal para agora. O time necessita de uma injeção de moral, alguém que chegue para mexer com o brio dos jogadores. Para isso, somente alguém com um histórico motivacional e que entenda logo de cara o que é Ponte Preta. Foi assim com Oswaldo Alvarez em 2014, quando pegou uma equipe mal montada por Sidney Moraes e classificou com antecedência para as quartas de final. 2014 foi um ano conturbado em alguns momentos, mas a Ponte agiu de maneira cirúrgica e certeira com Vadão no Paulista e a volta de Guto Ferreira na série B, depois que Oswaldo Alvarez foi pra seleção feminina e Dado Cavalcanti não encaixou.
2016 se desenha caótico, assim como 2014 se desenhou. Mas ainda poderá ser salvo com uma escolha certeira nesse momento. Jogadores que chegaram ainda não se encontraram em um time que vem em um declínio técnico desde o ano passado. A Ponte não vence desde o dia 31 de outubro. São dez jogos na sequência sem vitória, quase quatro meses.
A soma de todos os medos paralisa a Ponte Preta diante do desafio maior que é sobreviver na Série A1 do Paulista. O rebaixamento seria o maior desastre da história se tratando do ano em que a Ponte “se gaba” por ter o maior patrocínio de sua história, disputando a série A pelo segundo ano consecutivo e buscando uma gestão moderna do clube. Seria a gota d’água de uma relação rachada com a torcida que tem abandonado o time jogo após jogo.
Para que o barco não afunde, é preciso trazer um comandante que conheça os percalços desse oceano agitado que é a Ponte Preta. Atualmente, três nomes seriam ideais para o momento. Jorginho, Gilson Kleina e Doriva. Três técnicos empregados.
Jorginho não viria por dois motivos: Sérgio Carnielli e por estar mobilizado com o projeto no Vasco.
Gilson Kleina poderia estar na Ponte Preta desde ano passado, mas ficou entendido que ele estava em baixa após a demissão no Avaí. A maré mudou e hoje empregado, Gilson Kleina seria uma escolha certeira para recuperar a moral do elenco e fazer o time jogar bola.
Já Doriva é a prova do medo que paralisa a Ponte. Após a saída do São Paulo no ano passado, a vontade do técnico e também do Departamento de futebol da Ponte, era um retorno, dois meses depois da saída dele. O medo seria da reação do torcedor, que ficou chateado após o abandono do treinador. A história ainda era recente, poderia pegar mal. Mas nada como duas vitórias para a paz voltar e o casamento reatar. Doriva poderia ser o técnico da Ponte hoje e a situação seria mais tranquila para todos.
(Texto e análise por Paulo do Valle)