Derrota para o Avaí. Permanência na zona do rebaixamento. A campanha da Ponte Preta no Campeonato Brasileiro gera decepção e angústia. Especialmente porque no ano passado a equipe terminou na oitava colocação do Campeonato Brasileiro e neste primeiro semestre, com o rescaldo do elenco de 2016, a Macaca disputou a final do Campeonato Paulista.
A incompetência alastrou-se no estádio Moisés Lucarelli. Pode reagir? Pode. Tem condições de exibir um aproveitamento satisfatório e conseguir a permanência? Com certeza. Até porque equipes como Sport, Coritiba, São Paulo, Vitória e outros concorrentes são dotados de uma ineficiência gritante. Agora, interessante é observar que não existem culpados. Todos os envolvidos têm um argumento na ponta da língua para minimizarem a participação nesta comédia de erros crassos.
Quem já conversou com algum dirigente ou acompanha os bastidores da Ponte Preta sabe que não digo nenhum absurdo. Se você conversar, por exemplo, com o presidente Vanderlei Pereira, sua primeira informação recebida será de que o clube está com as contas em dia, os salários são regiamente pagos, que é importante sustentar o legado de Sérgio Carnielli, entre outros dados administrativos e financeiros. Montagem do time de futebol? Pergunte ao gerente de futebol, Gustavo Bueno, é sua resposta.
Armado de paciência, você dirige-se ao gerente e o discurso é rápido e decorado tanto em conversas informais, ou entrevistas coletivas: a Ponte Preta deve lutar pela manutenção no Brasileiro, que a Macaca errou em contratações sim, mas acertou em Emerson Sheik, Marllon, Luan Peres, que o saldo não é totalmente negativo e deveria existir compreensão por parte dos críticos da imprensa. Bem, se a decisão for ouvir o diretor de futebol, Hélio Kazuo, o discurso será sustentado e com um acréscimo: tudo é acompanhado 24 horas por dia na Ponte Preta. Logo, tudo é perfeito.
Perdido e sem rumo, o interlocutor ainda escuta o técnico Eduardo Baptista defender jogadores com baixo rendimento e escalados por ele nas derrotas para Palmeiras e Avaí.
Você conversa, ouve, pergunta, reflete e jamais escuta expressões que deveria existir não só em um clube de futebol, mas em qualquer ambiente corporativo: “Erramos”, “Precisamos corrigir”, “Vamos ser mais humildes e dar a volta por cima”, entre outras frases emblemáticas.
O fato é que a torcida sofre, o rebaixamento fica cada vez mais próximo e os responsáveis, ao invés da autocritica preferem procurar fatores externos do que ser vilão de uma campanha decepcionante. Que um craque seja contratado para as oito rodadas finais e que seja o camisa 10 nos gabinetes, banco de reservas e no vestiário: a humildade.
(análise feita por Elias Aredes Junior)