Acertos no varejo e erros de atacado de Horley Senna em 2016

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Faltam sete jogos para o final da primeira fase da Série A-2 do Campeonato Paulista. O Guarani ainda sonha com a classificação e está em litigio com a torcida. Não aceita a presença de Pintado e muitos contestam a gestão de Horley Senna. Apesar de termos muita bola para rolar, penso que chegou o momento de traçarmos virtudes e defeitos, erros e acertos do atual presidente no cargo.

Horley Senna acertou quando acertou o planejamento para a Série A-2 do Campeonato Paulista. Definiu Pintado como técnico, bancou contratações, incentivou a promoção de garotos das categorias de base e dentro do orçamento viabilizado pela sentença da Justiça (R$ 350 mil/mes) viabilizou uma estrutura para disputar a Série A-2.

Horley Senna dá uma bola dentro a partir do momento que aceita participar da Copa Paulista. Além da chance de disputar uma competição no segundo semestre, é uma janela preciosa para garotos do Sub-17 e Sub-20 ganharem experiência, tudo sob o comando de Renato Morungaba, este um profissional com perfil o clube no futuro.

Não há como contestar o dirigente quando viabiliza a manutenção de um staff de comissão técnica estável, sem mudanças bruscas. Diante disso, o acerto antecipado com Pintado foi um acerto? Se estiver dentro de suas convicções, sim.

Mas a vida não é feita de flores. Existem erros que não podem ser ignorados, especialmente nesta época de dificuldades vividas pelo Guarani.

Por mais que Horley e seus aliados neguem de pés juntos, o Guarani hoje é um clube fechado em termos democráticos. O crescimento acontece por intermedio do confronto de ideias e da presença de situação e da oposição, que hoje quase inexiste no Guarani. Tanto isso é verdade que as duas chapas que concorrem para escolha da nova composição do Conselho Deliberativo, de um jeito ou de outro, nutrem relacionamento positivo e sem conflitos com a atual direção do clube.

Dificil imaginar crescimento concreto com um clube com poucos sócios patrimoniais. Ou seja, se quiser oxigenar o Guarani, Horley Senna terá que sair da teoria e ir a prática. Praticar democracia sem tibubear e esquecer termos e expressões separistas, que dizem que quem está em oposição “rema contra o Guarani”.

Horley erra quando fecha os treinamentos e entrevistas para a imprensa. Deveria entender que os repórteres que cobrem o dia a dia do clube são apenas intermediários da conversa que o clube precisa estabelecer com o torcedor. Observe a dificuldade de verificarmos até uma declaração de jogador dentro do site oficial. Abrir entrevistas e permitir declarações seria uma forma também de comprovar seu compromisso com a democracia e a liberdade de expressão, conceitos preciosos em uma sociedade diversificada como a nossa. O futebol não foge a regra.

Horley Senna erra quando prioriza em suas declarações muito mais a provocação ao principal rival do que em encaminhar explicações e justificativas. Na atual conjuntura, o torcedor bugrino há de concordar que pouco importa se o time é ou não a maior torcida do interior do Brasil. Prioridade é voltar a disputar a primeira divisão do Paulistão e do Brasileirão, algo que acontece simultaneamente desde 2004. Quando usa palavras de efeito, o presidente bugrino passa a impressão de que deseja apenas jogar para “a galera”.

Se conseguir o acesso, os acertos de Horley Senna serão hipervalorizados e os erros esquecidos.Caso fracasse na missão, outras dezenas de equívocos se encontrarão na boca do povo. Algo, no entanto, dá para dizer: seja o próprio Horley Senna ou seus aliados, é imperioso entender que o Guarani está há 104 anos em funcionamento porque é fruto de um sentimento coletivo e não uma vontade unilateral de um messias ou um caudilho. O Guarani precisa de planejamento, profissionalismo, resultados, acessos e ídolos. Mas também precisa de democracia, inclusão, bom senso e solidariedade. Parece pouco, mas é muito para quem quase desapareceu por causa de brigas políticas.

Que Horley Senna continue com seus acertos no Varejo e pare com seus equívocos de atacado.

(análise feita por Elias Aredes Junior)