Perder para a Ponte Preta, no Brinco de Ouro, de virada, com torcida única e terminar a rodada na beira da zona do rebaixamento era o pior cenário que o Guarani poderia ter tido no final de semana. Entretanto, nem tudo está perdido. Sábio é o homem que consegue tirar lições nos momentos de dificuldade.
O principal aprendizado é que a Série B do Campeonato Brasileiro é completamente diferente da Série A2 do Campeonato Paulista, torneio no qual foi campeão com sobras. Os níveis de exigência tática, técnica e psicológica não podem ser comparados. A preparação para enfrentar Votuporanguense, Batatais, XV de Piracicaba e Sertãozinho é oposta à necessária contra Ponte Preta, Fortaleza, Atlético-GO e Coritiba, por exemplo. Isso significa que, caso o objetivo do Bugre seja conquistar acesso à elite do futebol nacional, reforços de peso são obrigatórios.
Além disso, o sistema defensivo clama por peças e a diretoria tem que perceber isso. Anderson, Éverton Alemão, Edson Silva e Philipe Maia não suportam 38 rodadas, com viagens desgastantes, problemas físicos ou suspensões, para ter, no mínimo, desempenho regular.
Na lateral-esquerda, o problema, talvez, seja ainda pior. Marcílio vai mal e é o principal ponto explorado pelo ataque adversário. O mais desconhecido chega a pensar que a solução é simples: banco para o camisa 6. Negativo. Salomão é ainda mais inseguro e limitado, enquanto Rafael Franco, contratado sem justificativa, sequer estreou. Ou seja, se ainda não participou, significa que é pior que Marcílio, já que não tem problemas físicos. Como consequência, são 26 gols sofridos em 22 partidas.
O Bugre precisa compreender que perder clássico machuca, mas não é o fim do mundo. É aceitável que a frustração continue, ainda mais em uma noite de atuação abaixo do esperado. Portanto, o melhor remédio é voltar a vencer. Nesta terça-feira, diante do Criciúma, em Campinas, o mais importante é resultado e não desempenho. O momento não é de jogar bonito, mas sim de somar os três pontos. Se conseguir juntar os dois, ótimo!
O presidente Palmeron Mendes Filho montou um elenco que, no momento, é de meio de tabela. O plantel dirigido por Umberto Louzer ainda tem sérias deficiências – sobretudo na defesa – e, para sonhar com algo maior, necessita de contratações. Resta saber qual é o verdadeiro interesse dos dirigentes: manutenção ou acesso. O que isso significa? É preciso serenidade para não dar um passo maior do que a própria perna.
Apesar de o Guarani ter tido péssimo início de Série B, o treinador merece respaldo, independentemente do resultado contra o time catarinense. O Grêmio, com Renato Gaúcho, só colhe frutos saborosos em 2018 porque o trabalho é feito há quase dois anos. De lá para cá, título nacional, internacional e um vice-campeonato mundial. Não que o Alviverde consiga, de repente, alcançar tais feitos. Pelo contrário. O mínimo que o torcedor quer, ainda nesta temporada, é tranquilidade em campo para que as coisas possam fluir de maneira natural fora dele. Se possível, sem mudanças drásticas na comissão técnica.
(análise: Lucas Rossafa/foto: Letícia Martins – Guarani Press)