Do inferno ao céu em 90 minutos. A Ponte Preta venceu o Corinthians, com um homem a menos, e concedeu fôlego e tranquilidade ao técnico Eduardo Baptista para implementar sua proposta. Dos 18 jogadores relacionados, 11 foram arregimentados a partir das categorias de base. Empatia automática com as arquibancadas.
Não foram apenas essas qualidades. Formado em clássico 4-4-2, o time exibiu compactação entre os setores e características que inexistiram na temporada passada. A principal é a presença de apoio, ou seja, quando um pontepretano pegava na bola, um ou dois jogadores já ficavam posicionados mais a frente com a intenção de oferecer alternativa ofensiva.A linha formada por Silvinho, Marquinhos, Thiago Real e Felipe Saraiva demonstrou força para ajudar na marcação e sentido coletivo quando segurava a bola no ataque.
A cobertura de marcação mostrava-se eficiente e bloqueou o toque de bola de Jadson e Rodriguinho e impediu Kazim de executar o pivô, trunfo rotineiro com Jô.
A marcação também era agressiva e tentava retardar a posse de bola ou fechar os espaços corintianos, cuja válvula de escape era apenas o atacante Clayson pelo lado esquerdo.
Felipe Cardoso e Léo Artur não concatenavam as jogadas, mas tinham o cuidado de atrapalhar a saída de bola adversária, que não saiu limpa em vários momentos. Dentro da proposta tática, a Macaca teve bom desempenho em boa parte da etapa inicial .
Após a expulsão de Felipe Cardoso, o jogo mudou. Com necessidade de fechar ainda mais os espaços, a Ponte Preta colocou-se muito dentro da área e teve poucas chances de sair no contra-ataque, enquanto que o Corinthians, após a entrada de Marquinhos Gabriel e de Lucca, utilizava o toque de bola e as inversões de bola para fustigar. Como ocupava todo o campo e tinha bom controle de bola, o gol parecia questão de tempo.
Uma estocada foi suficiente para o gol de Felipe Saraiva, graças, principalmente, à disciplina das duas linhas de defesa e o passe longo bem executado. Está tudo resolvido? Time perfeito? Nada disso.
Eduardo Baptista tem algumas tarefas. A primeira é de fazer com que os zagueiros e volantes, nas jogadas de bola paradas, tenham mais apetite para “atacar” a pelota pelo alto. O Corinthians teve vários lances em que levou perigo justamente porque seus atletas adentravam dentro da área e na corrida conseguiam cabecear de maneira perigosa.
Seria de bom tom treinar jogadas em profundidade. Traduzindo: busca da linha de fundo. Se os laterais Emerson e Jeferson não conseguem ou não podem, que sejam treinadas outros atletas para tal fim. Ocupar de modo mais eficiente o gramado seria outra dica salutar. A equipe ficou compactada, mas deixava espaços pelos lados. Abria brecha para arranques principalmente de Clayson.
Mais: afinar a conversa do goleiro Ivan com os zagueiros. Foi de modo atabalhoado por noviciado mas por falta de comunicação.
O que importa é que existe um caminho a ser percorrido. Os garotos vão ganhar, perder, gerar decepções ou alegrias. No entanto, o comprometimento e a identificação com a camisa da Alvinegra gera expectativas de dias dignos e melhores se o destino quiser colaborar.
(análise feita por Elias Aredes Junior/Foto – Corinthians.com.br)