Análise: crescimento de Ivan não pode ser escudo da diretoria da Ponte no caso Aranha. Goleiro é o único ídolo do atual elenco

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A vitória da Ponte Preta por 1 a 0 contra o São Bento, ontem, em Sorocaba, marcou mais uma boa atuação do jovem goleiro Ivan.

Apesar das irregularidades no início de temporada, o jogador demonstrou personalidade e, se aprimorar alguns fundamentos, poderá escrever a própria história dentro do clube.

Mas é preciso separar o crescimento de Ivan com o caso Aranha. Segundo goleiro com mais atuações pelo clube – atrás apenas de Carlos -, o atleta de 37 anos tem sido escanteado e está com o futuro indefinido.

Aranha não gostou do tratamento que recebeu da comissão técnica. E a ida para o banco é discutível. Esqueçam aspecto físico, pois não foi determinante. Aranha foi eleito o melhor goleiro do Paulistão e só comprometeu em duas partidas durante 12 meses: contra Atlético-MG e São Paulo.

Reconheço que Aranha tem suas falhas e poderia ter ido mais longe, mas não posso cometer a injustiça de não reiterar que é um atleta comprometido. Trabalhei em alguns jogos da Ponte Preta na reta final do Campeonato Brasileiro e vi Aranha ser decisivo contra grandes equipes: Flamengo, Corinthians e Santos, principalmente.

Fui comunicado por pessoas próximas ao jogador que o clube tentou uma rescisão oferecendo 20% do que Aranha teria a receber até dezembro de 2019, mas o goleiro – que ainda cobra quatro meses de salários atrasados -, não aceitou a pedida. O interesse do Vasco também atrapalha o negócio. Sem o consenso, o contrato pode ser quebrado na Justiça, o que seria uma mancha na bela história de Aranha no Moisés Lucarelli.

Diretoria e comissão técnica explicam que o momento de Ivan precisa ser respeitado. Tudo bem. Mas isso não anula o desprezível tratamento com o único ídolo da torcida dentro do atual elenco. Quando torcedores, de maneira lamentável, invadiram o Majestoso contra o Vitória, Aranha permaneceu no campo. E tinha história para isso. Mas algum dirigente poderia fazer o mesmo?

Os comandantes dos clubes precisam aprender que a história da agremiação é o mais importante. E não há grandes histórias sem os ídolos. Não foram eles que colocaram a Ponte Preta em duas finais de Paulistão e adiaram o máximo possível o rebaixamento para a Série B.

(análise de Júlio Nascimento/foto: PontePress)